
Viagem Ao México
Autor: SILVIANO SANTIAGO
384 pp. | 14x21 cm
Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Ficção Nacional
Selo: Editora Rocco
Impresso
ISBN: 85-325-0593-7
Preço: R$ 43,00
Viagem ao México, Silviano Santiago conta a viagem do francês Antonin Artaud ao México, em 1936. No entanto, se o leitor aguarda pela repetição do estilo de Em liberdade – obra ficcional, na qual Silviano narra os dias de liberdade de Graciliano Ramos após a prisão, durante o Estado Novo –, deve preparar-se para uma surpresa. Em Viagem ao México, o autor dá novos rumos à sua literatura, promovendo uma desconcertante quebra de gênero, de forma proposital e inusitada.
O livro se inicia com um elaborado exórdio, no qual Silviano apresenta seus ancestrais de sangue aventureiro e menciona o medo e a coragem necessários para o mergulho na construção de um novo romance. Em estilo sofisticado, ele se compara aos navegantes do século XVI, que desbravaram oceanos desconhecidos, desafiando mistérios. "Para escrever este livro, invento-me monstro, da maneira como só os navegantes sabem inventá-lo durante o transcorrer da viagem da descoberta (…) Ouso/temo mais: no meu desconhecimento das coisas sobre Artaud é que concretizo as palavras dele. Ouso/ temo alucinatoriamente: sei bem a cabeça dele da maneira como uma comida sabe bem ao paladar", escreve.
O autor desenvolve uma narrativa livre de cronologia, atravessando diferentes décadas. Ao mesmo tempo que narra detalhadamente o quotidiano de Artaud em Paris, nos anos trinta, ele se situa em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Com o desenrolar do romance, os tempos se atravessam, e Silviano vai incluindo-se progressivamente na história e nos diálogos, tornando-se íntimo de Artaud.
Em 1936, o francês embarca para o México, e o autor conta as razões de sua decisão, o embarque, a viagem de navio e a escala em Havana, onde Artaud vivencia um ritual de iniciação afro-americana. Neste trecho do romance, o personagem de Artaud pára e ouve o relato de Silviano sobre sua viagem a Cuba. "Em 1993, Artaud olha Havana pelos meus olhos latino-americanos. Em 1936, eu olho Havana pelos olhos europeus dele."
Finalmente, o francês desembarca em Vera Cruz, México. Ao contrário do que prioriza a maioria dos escritores – o encontro de Artaud com os índios tarahumaras, com os quais o francês realizou experiências místicas com o peyote –, Silviano aprofunda-se na estada urbana do personagem, revelando a desaculturação do povo mexicano. "No dia 31 de outubro, embarca para França a bordo do navio Mexique. (…) O século XX chegava aos seus últimos dias", finaliza o autor.

O AUTOR
Silviano Santiago é um dos mais prolíficos intelectuais brasileiros. Poucos autores conseguiram conjugar tão bem, e de forma tão definitiva, obras ficcionais e críticas. Escritor, poeta, professor, crítico literário e ensaísta, foi três vezes vencedor do Jabuti – com Em liberdade (romance, 1982), Uma história de família (romance, 1993) e Keith Jarrett no Blue Note (contos, 1997). Seu romance Heranças recebeu o Prêmio ABL de Ficção 2009 e ficou entre os finalistas do Jabuti e do Portugal Telecom. Suas obras foram traduzidas para o inglês, francês e espanhol.