
Um ano
Coleção Coleção Otra Língua
Autor: JUAN EMAR
128 pp. | 14x21 cm
Tradução: Pablo Cardellino Soto
Assuntos: Ficção – Romance/Novela
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 16,00
E-ISBN: 978-85-8122-546-3
Na obra do chileno Juan Emar – expoente da literatura de vanguarda na América Latina que a Rocco apresenta pela primeira vez ao leitor brasileiro na coleção Otra Língua – o tempo é único: todos os dias parecem ser os primeiros dias do mundo. Assim é que, para o escritor, só resta começar de novo a jornada, desprezando os conceitos de realidade e identidade.
Um ano é o diário do que promete o título: notas sobre um ano transcorrido na vida do narrador. São 12 entradas, feitas no primeiro dia de cada mês. Os episódios ou relatos – independentes entre si – vão se tornando mais estranhos à medida que a leitura avança. Apesar de obscuros, estão escritos em uma prosa simples e funcional.
O absurdo e uma imaginação desenfreada dominam os textos: com o indicador da mão esquerda equilibrando um disco, é possível uma interação tão perfeita que o narrador consiga cantar como Caruso; traças literárias exigentes perfuram o papel “à procura da primeira letra da primeira palavra da primeira linha do primeiro canto de ‘Les chants de Maldoror’, de Lautréamont”; quando sai à rua para vagar sem destino, o escritor sente “o dedo de Deus” cravando-se levemente na nuca dele; um telefone gruda-se de tal maneira à orelha que não há outro jeito para separar um e outra senão a operação.
Para o escritor argentino César Aira, que assina o posfácio de Um ano, nos livros do colega chileno “o absurdo é da espécie à qual se chega pelo excesso de lógica, e há um absurdo prévio, na redação: é como se estivéssemos presenciando a invenção da arte da narração, ou como se fosse um exercício de aprender a escrever relatos como o fazem os escritores, mas cada trecho da lição (descrições, detalhes circunstanciais, argumentos, desenlace) se tornasse independente e enlouquecesse…”.
Segundo o crítico chileno Rafael Gumucio, nenhum livro de Emar está fechado em si mesmo: todos pedem um leitor cúmplice que os complete. Isso talvez explique o alto prestígio do autor desfrutado hoje na academia, entre estudantes e teóricos da literatura. Já o poeta Pablo Neruda chamava Juan Emar de “nosso Kafka”. César Aira, no entanto, considera casual qualquer semelhança entre ele e o escritor tcheco, e o aproxima de Macedônio Fernández e Witold Gombrowicz (autor polonês que viveu na Argentina). Aira também nota o interesse, em suas leituras, de obras esotéricas, assim como de autores surrealistas e um profundo conhecimento de Dostoievski.
O reconhecimento de Juan Emar só aconteceu tardiamente, na década de 1990, quando seus livros ganharam novas edições no Chile e na Argentina. Atualmente considerado um clássico latino-americano, os livros de Juan Emar foram recebidos com silêncio da crítica e a total indiferença do público à época de seu lançamento, na década de 1930.

O AUTOR
Juan Emar (pseudônimo de Álvaro Yánez Bianchi) nasceu em Santiago do Chile em 1893 e morreu em 1964. Publicou as novelas Miltín (1934), Ayer (1935) e o volume de contos Diez (1938). A partir de 1940, trabalhou até a morte em sua obra-prima Umbral, publicada na íntegra somente em 1996 em edição da Dirección de Bibliotecas, Archivos y Museos de Chile com cinco mil e quinhentas páginas. Mais recentemente, vieram à luz os póstumos Cartas a Carmen (1998), M[i] v[ida]: diarios 1911-1917 (2006) e Notas de Arte (2008).