
Talvez uma História de Amor
Autor: MARTIN PAGE
160 pp. | 14x21 cm
Tradução: Bernardo Ajzenberg
Assuntos: Ficção – Romance/Novela
Selo: Editora Rocco
Depois de um dia comum de trabalho na agência de publicidade, Virgile chega em casa e ouve um recado perturbador na secretária eletrônica: “Aqui é Clara. Sinto muito, mas prefiro parar por aqui. Vou me separar de você, Virgile. Não quero mais.” Ouviu o recado cinco vezes. A surpresa não era pela ruptura: solteiro, Virgile não tinha ideia de quem fosse Clara. A partir desta premissa, o aclamado escritor francês Martin Page desenvolve a trama de Talvez uma história de amor, seu quinto romance. Autor dos best-sellers Como me tornei estúpido (ganhador do prêmio literário Euregio-Schüler em 2004) e A gente se acostuma com o fim do mundo, ambos publicados no Brasil pela Rocco, Page se reafirma como um perito dos dramas contemporâneos. Aos 34 anos, é um dos escritores franceses mais traduzidos da nova geração.
Desta vez, o escritor explora o pânico que toma conta do personagem parisiense: diante de tantas evidências que o aproximam de uma suposta ex-namorada, Virgile acredita que desenvolveu uma amnésia irreversível. Tem certeza de que vai morrer, sentimento que é ressaltado em ataques de ansiedade. Começa a evitar atividades corriqueiras, como andar de metrô. Quando se convence de que tem poucos dias de vida, decide encerrar contratos, escrever cartas de despedida e definir últimos desejos. Um deles é o de ter suas cinzas jogadas no vestiário feminino da piscina de Auteuil, bairro nobre de Paris.
Mas, em uma reviravolta brilhantemente construída pelo autor, Virgile toma uma decisão inesperada – decide recuperar a mulher que desconhece. O enredo de Talvez uma história de amor assume então o charme de uma comédia romântica, centrada nas nuances do protagonista. Virgile é um anti-herói distraído, um romântico descuidado. Cético, solitário – “Seu celibato era mais solidamente estabelecido do que a força da gravidade”, descreve o narrador –, ele também é do tipo contraditório convicto. Quanto mais se convence de que desconhece a tal Clara, mais alimenta a culpa por ter causado seu sofrimento. “Não era o instinto de sobrevivência de Virgile que não suportava a morte, mas sim seu espírito de contradição”, escreve Page.
As características incomuns do personagem fazem lembrar o gênio de Antoine, protagonista de Como me tornei estúpido, que decide renunciar à própria inteligência para se encaixar na sociedade consumista e idiotizada: “Tinha trinta e um anos e pesava setenta e dois quilos. Vestia-se sempre do mesmo jeito (…) Tinha um telefone celular modelo antigo. Três vezes por semana, tinha aulas de ioga numa gigantesca academia da Praça de la République. A única flor que ele comprava e dava de presente era o girassol. Só via filmes em preto e branco, e quando se interessava por um filme colorido ajustava a televisão para tirar as cores; só ouvia vinis, bebia chicória, usava apenas um tipo de caneta, uma Bic esferográfica laranja de tinta preta. De modo geral, gostava de coisas já usadas. Os velhos objetos resistiram; trazem em si toda uma experiência de vida. Os objetos novos não são nem sequer púberes; nada entendem da nossa solidão.”

O AUTOR
Martin Page nasceu em 7 de fevereiro de 1975. Ele estudou antropologia e trabalhou durante alguns anos em empresas empenhadas em lucros e desinteressadas em gente, Adora o cinema de Cronemberg, Burton e Branagh. Convencido de que a escrita não exige a convivência em ambientes hostis, Page tenta, até hoje, e desesperadamente, levar uma vida tranquila. Seu primeiro romance, Como me tornei uma pessoa estúpida, foi enorme sucesso de crítica e de público em todo o mundo. Dele, a Rocco também publicou no Brasil A gente se acostuma com o fim do mundo e Talvez uma história de amor. Maiores informações sobre o autor em seu site: www.martin-page.fr.