Capa de Rastros na neblina

Rastros na neblina

Autor: BENJAMIN BLACK

304 pp. | 14x21 cm

Tradução: Ryta Vinagre

Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Policial

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-2962-6

Preço: R$ 49,90

E-book

Preço: R$ 22,50

E-ISBN: 978-85-8122-522-7

Com Rastros na neblina, a série protagonizada pelo patologista Garret Quirke atinge seu auge. Na sequência de O pecado de Christine e O Cisne de Prata, ambos publicados pela Rocco, o novo livro alia uma trama perfeita de segredos, mentiras e descobertas terríveis a um ambiente noir por excelência. Combinação que fez de Benjamin Black – pseudônimo do premiado escritor irlandês John Banville – uma das grifes mais emblemáticas da atual literatura de mistério.

O rastro de April Latimer parece ter sumido na névoa de Dublin. Quando Phoebe Griffin, filha de Quirke, não consegue saber notícias da amiga, pede ajuda ao patologista para descobrir o que aconteceu. A influente e tradicional família de April não dá a mínina para o desaparecimento dela, talvez motivada pelo temor de um escândalo: a jovem médica sempre teve fama de rebelde e morava sozinha num apartamento frequentado por muitos homens. Com o auxílio profissional do inspetor Hacket, presença habitual na série, a dupla de detetives amadores começa uma investigação quase sem evidências, mas cujo desenrolar terá uma conclusão trágica e chocante.

Desde as primeiras linhas do romance é como se o leitor – guiado por Quirke e Phoebe, que alternadamente assumem o foco narrativo – se visse envolto na densa neblina que toma conta de tudo: “Era o pior do inverno e April Latimer estava desaparecida. No silêncio abafado, a cidade parecia aturdida, como um homem cuja visão subitamente lhe falta. As pessoas vagam como inválidos que andam às apalpadelas no escuro, mantendo-se próximas das fachadas e das grades, parando hesitantes nas esquinas para sentir com o pé cauteloso a beira da calçada.”

Como nas obras anteriores de Benjamin Black, a Dublin da década de 1950, magistral e obsessivamente reconstruída, é mais que um cenário; é uma personagem com vida própria. De propósito, a ação decorre no mais rígido inverno, como metáfora meteorológica da paisagem asfixiante em que estão mergulhados os habitantes da cidade. Para ficar em exemplos do romance policial clássico, é a mesma estratégia de sedução por um lugar adotada por Conan Doyle com respeito à Londres vitoriana; ou por Dashiell Hammett e Raymond Chandler em relação a San Francisco e Los Angeles, respectivamente. Não por acaso, Benjamin Black/John Banville foi o responsável pela recriação de Philip Marlowe, o mitológico detetive de Chandler, no livro A loura de olhos negros, publicado pela Rocco em 2014. 

Garret Quirke continua às voltas com fantasmas do passado. Mais uma vez, tenta refazer sua vida, depois de uma temporada de desintoxicação alcoólica numa clínica. Mas, diante do novo caso, não consegue parar totalmente de beber. Resolve comprar um carro – modelo raro, um Alvis Super Coupé – e, para desespero dos dublinenses, aprende a dirigir em um só dia: “Era como levar uma pantera para casa.”

A obra apresenta um novo núcleo de personagens: os amigos boêmios de Phoebe, que se autodenominam o “pequeno bando”. Jimmy Minor é o jornalista criminal de corpo mirrado, ruivo, sardento, sempre com um cigarro nos dedos e atrás de um furo de reportagem. Isabel Galloway, bela atriz que patina em sua carreira nos palcos, mulher moderna, sem papas na língua, que acaba por se envolver sentimentalmente com Quirke. O mais fascinante deles – impossível de não ser notado, sobretudo em Dublin – é o nigeriano Patrick Ojukwu, apelidado de o Príncipe: estudante de medicina, negro, “com peito grande de barril e uma cabeça redonda e bonita”, que todos outros desconfiam ter sido amante de April Latimer.

Rastros na neblina mostra um Black/Banville no ápice de sua linguagem descritiva e artesanato narrativo, fazendo rodar macio – como o carro novo de Quirke – as engrenagens do drama policial que discute conceitos morais e religiosos, relações afetivas e distúrbios de comportamento, sem jamais tirar o prazer da leitura.  

Comente  
Instagram

O AUTOR

Benjamin Black é o pseudônimo literário de John Banville, nascido em Wexford, Irlanda, em 1945. Suas obras conquistaram diversos prêmios, inclusive o Man Booker Prize, em 2005, por O mar.

Página do autor +