Capa de Pássaro louco

Pássaro louco

Autor: ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA

352 pp. | 14x21 cm

Assuntos: Crônica

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-3030-1

Preço: R$ 44,90

E-book

Preço: R$ 26,00

E-ISBN: 978-85-8122-652-1

Pássaro louco, o novo livro de Rosiska Darcy de Oliveira, é uma antologia que reúne as melhores crônicas da autora, escritas ao longo dos últimos vinte anos. Elas reconstituem o pensamento de uma cronista celebrada pela crítica literária pela originalidade de seus textos, em que a erudição da ensaística se exprime na forma leve da crônica. Pássaro louco é o registro dos itinerários dessa mulher que diz ter vivido três séculos em uma vida.
 
Em “Infância não tem cura”, primeiro capítulo do livro, emerge a descoberta do mundo, a difícil travessia de tudo que é ainda misterioso. “Viver é um susto que começa na infância. Porque, pense bem, como é possível de repente descobrir-se vivo, dar nome às coisas desconhecidas, decorar quem é quem nesse lugar que, supostamente, é a sua casa?” No universo de um só quarteirão dá-se a travessia de tudo que é ainda misterioso, os amores silenciosos, o padre que tem seis filhos que esconde na escola paroquial, a convivência com as vizinhas turcas que  ensinam o diferente, a intuição do perigo no velhinho inofensivo, o balão que sobe e em sua beleza leva o risco da destruição e ensina que “glória, gênio e inferno são feitos do mesmo fogo”. O mistério do terreno baldio onde, quando cai a noite, se esconde uma mulher. A alegria dos verões e dos carnavais. Nada disso tem cura e vai virar literatura.
 
Em “Arlequins e Purpurina” é o carnaval, uma das paixões da autora, que vai se revelar como “uma festa virtuosa” que sabe que “ninguém é autêntico quando fala em primeira pessoa, mas que, ao escolher sua máscara, vai se revelar”. “Há tanta sabedoria no carnaval e um silêncio estridente que ninguém ouve em meio ao burburinho das escolas que desfilam hipermodernas, dos blocos que insistem em reviver um amor que se acabou, em meio à melancolia de foliões que ainda vagam sozinhos pelas calçadas, as asas quebradas pelo cansaço, depois de um voo cego pela avenida. Ninguém ouve o silêncio do carnaval”.
 
“Pássaro louco”, o capítulo que dá título ao livro, fala do amor, “esse pássaro louco que ninguém sabe onde vai pousar”. Paixão, ciúme, fidelidades e infidelidades, os amores proibidos, o pássaro louco alça seu voo arriscado e pousa onde menos se espera. “A paixão reconstrói a virgindade, tem uma pureza juvenil. Paradoxalmente, é selvagem. Há nela uma força animal, um descontrole dos sentidos que passa longe da civilização e seus bons modos. É um mundo de bichos enfurecidos que rondam uns aos outros uivando para a lua.”
 
Com “Uma roupa de silêncio” a autora atravessa o mundo das sombras, do medo, da insônia, dos acasos incontroláveis. Estabelece então um diálogo com “O interlocutor mudo”. Rosiska não acredita em Deus e acha que “é por orgulho que aceito a aridez desse não lugar”. “Mas não me iludo, dia virá em que talvez mais velha, mais fraca ou conciliatória, ou conformada, possa me abandonar a um sentimento oceânico, a um desejo de pertencimento mais forte do que eu, uma espécie de música infinita que me ocupe inteiramente. Talvez feche os olhos. Não recusarei essa música. Nem a morfina.”
 
“Inventário das perdas” reconstrói os principais eventos da política internacional no século XXI, da queda das Torres Gêmeas até a crise dos refugiados, evocada na crônica Senhor Deus dos desgraçados. A indignação face aos dramas do mundo, que atravessa toda a obra de Rosiska, encontra nesse capítulo algumas de suas expressões mais pungentes.
   
Assim também as crises e as alegrias do Brasil e de sua cidade natal, o Rio de Janeiro, se espalham nas páginas dos capítulos “Pindorama” e “As cavalariças da política”, essa uma menção às cavalariças mitológicas do rei Augias para metaforizar a corrupção que grassa no país, exigindo um esforço hercúleo para ser superada.
 
“As coisas que não existem” – “o que seria de nós sem as coisas que não existem” – e “Família secreta” são um mergulho no universo que lhe é mais familiar, a literatura. Dessa família secreta fazem parte personagens como Emília, a Marquesa de Rabicó, de Monteiro Lobato e os grandes escritores como Marguerite Yourcenar, Clarice Lispector e García Márquez. Leitora voraz, Rosiska perdeu uma biblioteca jogada no mar por quem quis protegê-la da polícia. Celebra os livros que, “verdade das mentiras, são, admite, perigosíssimos”. “Todos os tiranos temem o imaginário porque, se conseguem pela dor e pela tortura controlar os corpos dos inimigos, a imaginação, essa transita soberana e intocável pelos territórios livres do sonho e do pensamento. A imaginação é um território liberado.”
 
“Pandora à solta” se insere na ponta do contemporâneo, no que ciência e tecnologia vêm produzindo de mais instigante, transformando as sociedades e as pessoas. Convencida de que “o destino não é mais o que era antes”, graças às biociências, Rosiska atravessa o “tempo dos selfies”, “a incorpórea população que habita o ciberespaço”, a medicina que faz seu caminho “de Hipócrates à hipocrisia”, as senhas que nos aprisionam, a escravidão das grifes e toda essa espantosa Utopia Virtual.
 
Pássaro louco “habita uma zona de fronteira onde se encontram e se entendem a narrativa ficcional, o poema em prosa e a astúcia ensaística”, escreve o acadêmico Eduardo Portella em seu prefácio ao livro.

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O AUTOR

Rosiska Darcy de Oliveira, escritora e ensaísta, é membro da Academia Brasileira de Letras. Seus primeiros livros, Le Féminin Ambigu e La Culture des Femmes, publicados durante o exílio, exprimem sua participação no emergente movimento internacional de mulheres. Elogio da diferença e Reengenharia do tempo dão continuidade a sua obra ensaística sobre o feminino. A dama e o unicórnio, Outono de ouro e sangue, A natureza do escorpião, Chão de terra, Baile de máscaras e Pássaro louco exprimem sua vocação de cronista. Colunista da página de Opinião de O Globo, a Rocco publica sua obra no Brasil.

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