
Os portões do inferno
Coleção Lendas de Baldúria
Autor: ANDRÉ GORDIRRO
384 pp. | 16x23 cm
Assuntos: Fantasia, Ficção – Romance/Novela, Ficção Nacional
Selo: Fábrica 231
E-book
Preço: R$ 22,50
E-ISBN: 978-85-68432-32-7
Guerreiros, magos, monstros, fortalezas, cenários fabulosos e combates sangrentos: a fantasia de Os Portões do Inferno, romance de estreia de André Gordirro e volume inicial da trilogia Lendas de Baldúria, é épica, minuciosa e muito divertida. Tendo à frente um idiossincrático e improvavelmente carismático time de protagonistas – verdadeiros párias que, por acaso, ganham a chance de salvar o mundo –, o livro junta referências históricas e bíblicas a alegorias da sociedade contemporânea e um alto teor de cultura pop. O resultado, com origem direta no RPG, é um bem-vindo cruzamento entre Os doze condenados e O Senhor dos Anéis, capaz de amalgamar a anarquia dos filmes de guerra da década de 1960 e a mitologia fundadora de J.R.R. Tolkien.
Anos atrás, Krispinius e Danyanna realizaram um feito heroico: fecharam os Portões do Inferno. Coroados monarcas da atual Krispínia, tornaram-se as pessoas mais influentes daquela parte do continente e, acima de tudo, os responsáveis por garantir que demônios jamais voltem a caminhar pela superfície. Porém correm rumores do avanço de uma tropa de svaltares – estranhos e temidos elfos das profundezas – em direção aos Portões. Tais relatos, a princípio, não parecem fazer sentido: uma das poucas certezas a respeito desses seres, afinal, é sua vulnerabilidade à luz. O que ninguém imagina, no entanto, é que eles estão dispostos a enfrentar o sol para enfim libertar as trevas.
Enquanto isso, o misterioso Ambrosius reúne seis homens em uma missão para resgatar um rei anão destronado. Os convocados são Baldur, cavaleiro desertor, ferido e sem montaria; Derek Blak, segurança profissional salvo da morte lenta (seria devorado por cães famintos e de dentes gastos); Agnor, feiticeiro expatriado; Kyle, menor infrator; Od-lanor, bardo adamar – espécie antes venerada, hoje em extinção –; e Kalannar, assassino e caçador de recompensas svaltar. Culturas diferentes, raças rivais, temperamentos explosivos – um grupo heterogêneo, aparentemente destinado ao fracasso, mas que acaba cruzando o caminho da glória: são os únicos capazes de impedir a reabertura dos Portões do Inferno.
Como legítimo representante da dark fantasy, tradição avessa a maniqueísmos, Os Portões do Inferno apresenta as primeiras Lendas de Baldúria – ainda há muito território inexplorado na vasta Krispínia. Ao mesmo tempo que exibe um domínio preciso da narrativa aventuresca, lançando mão de um ritmo ágil e constantes reviravoltas, André Gordirro pontua o texto com um senso de humor muito próprio e apurado; não é à toa que tanto Flash Gordon quanto Mortadelo & Salaminho são apontados como algumas de suas principais leituras de formação. Ainda que o romance esteja à altura da melhor literatura fantástica produzida em qualquer parte do planeta, é inegável o gosto do autor pela picardia e pelo deboche, o que o leva a brincar com os próprios clichês do gênero e adiciona ainda mais sabor à obra.