
O uruguaio
Coleção Coleção Otra Língua
Autor: COPI
208 pp. | 14x21 cm
Tradução: Carlito Azevedo
Assuntos: Ficção – Romance/Novela
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 22,50
E-ISBN: 978-85-8122-566-1
Copi é considerado um dos acontecimentos mais originais da literatura argentina dos últimos 20 anos. Desde jovem exilado em Paris, escreveu a maior parte de sua obra em francês entre as décadas de 1970 e 1980, sem alcançar a projeção merecida. Era mais conhecido e apreciado por suas atividades paralelas de cartunista, ator e dramaturgo. Mas, nos últimos anos do século 20, sua ficção foi redescoberta no país natal, traduzida ao espanhol e enfim valorizada por nomes como César Aira e Alan Pauls.
Publicado em 1972, O uruguaio é seu primeiro relato; A Internacional Argentina, de 1988, o último. Este livro da Coleção Otra Língua, portanto, une as duas pontas da prosa do autor, que na totalidade ainda compreende mais quatro novelas e duas coletâneas de contos. Para o leitor brasileiro, trata-se de uma iniciação para entrar em contato com um escritor nada convencional desde o pseudônimo que adotou: Copi – mais que esconder o cidadão do mundo Raúl Natalio Roque Damonte Botano (1939-1987) – tornou-se uma identidade literária.
Escrita originalmente em francês, O uruguaio é uma novela curta que assume a forma narrativa de uma carta, endereçada ao Mestre, num único e só parágrafo, por alguém que assina Copi. A ação é vertiginosa e a linguagem, clara e precisa. Os eventos beiram o surrealismo: o Uruguai, por exemplo, desaparece soterrado pela areia da praia. Depois do cataclisma, o país é pouco a pouco redesenhado no papel (não à toa, o autor era um excelente cartunista), passando como num passe de mágica a existir de novo. Seus habitantes voltam à vida como uma espécie de zumbis, que precisam reaprender a viver normalmente.
A imaginação desvairada atinge o ponto máximo quando entra em cena, voando, o papa argentino – um lance profético, pois o livro é de 1972 – que no fim se revela um farsante. A par das reviravoltas na trama, trata-se de um relato muito engraçado, provando que a alta literatura de vanguarda pode, sim, provocar risos ou mesmo gostosas gargalhadas.
A Internacional Argentina é um thriller político, com doses de suspense e humor. Uma comédia que desnuda o delírio das conspirações e também se debruça sobre a condição de exilados. Cabe lembrar que a literatura do exílio é uma tradição argentina, de Julio Cortázar a Manuel Puig, passando por Juan José Saer e Rodrigo Fresán.
No mundo particular de Copi, quanto mais improváveis são personagens e ações, mais críveis vão se tornando aos olhos do leitor. O vilão de A Internacional Argentina é o milionário Nicanor Sigampa, um “negro colossal” que vive em Paris. Seu objetivo secreto é eleger o próximo presidente da Argentina, e o candidato escolhido é o poeta-narrador.
Um dos planos de Sigampa prevê a imigração maciça de negros para a Argentina: “Fiquei entusiasmado com a ideia; sempre pensei que a Argentina sofria de um complexo de inferioridade em relação ao seu vizinho, o colosso brasileiro, pelo fato de não ter raízes negras. Nossa falta de pitoresco nacional vem daí, apesar de todos os nossos esforços para remediá-lo.” A novela, como se pode confirmar por este trecho, é de uma provocação ímpar. Mas, acima de tudo, é uma prova do talento de Copi, que hoje é um dos escritores mais cultuados em seu país.

O AUTOR
Copi é pseudônimo de Raúl Damonte, um “argentino de Paris”, como ele mesmo se apresentava. Escritor, dramaturgo, ator e cartunista nascido em Buenos Aires em 1939, mudou-se para a França em 1962 e por lá passou a vida, falecendo em 1987 em decorrência de complicações relacionadas à AIDS. Integrante da trupe teatral fundada por Alejandro Jodorowsky, Fernando Arrabal e Roland Topor, desenvolveu vasta obra dramatúrgica e cartunística caracterizada por César Aira como um “barroco de nosso tempo”. No Brasil, teve cartuns publicados pela revista Status nos anos 70, além de reunidas as peças teatrais Eva Perón, Loretta Strong e A geladeira em um volume (7Letras, 2007).