Evie ainda estava se acostumando aos cenários completamente diferentes dos que estava acostumada, quando Martin chegou com a notícia de que teriam de deixar a Índia o quanto antes. Havia poucas semanas que haviam trocado os Estados Unidos por aquele país inusitado. Depois de voltar da guerra, Martin, seu marido, voltou a estudar e, movido por desejos que ela não conseguia entender completamente, decidira acompanhar de perto a desocupação da Índia pelo governo britânico. Com isso, pretendia escrever uma bela tese de doutorado.

O país estava prestes a se tornar independente. Quando Martin começou sua pesquisa, estimava-se que levaria ainda um ano para que a Grã-Bretanha o desocupasse, mas algo havia mudado e isso aconteceria em apenas dois meses. Tomado pelo desespero de quem já havia encarado uma guerra, Martin quis tirar Evie e o filho, Billy, o quanto antes do país. A Índia iria se dividir em dois países, um seria habitado pelos hindus. O outro, que seria entregue aos muçulmanos, passaria a se chamar Paquistão. Enquanto tudo isso acontecia, Evie tinha outros pensamentos.

Depois que Martin retornou da Segunda Guerra Mundial, a vida dos dois havia se transformado em algo que ela lutava para definir. Viviam como dois estranhos e tinham adquirido comportamentos meio doentios. No caso de Evie, eram ataques de limpeza. Já em plena Índia, ela se deparara com algo que transformaria seu destino. Ao limpar a parede da cozinha do bangalô onde moravam, um dos tijolos se soltou revelando um pequeno tesouro: cartas escritas em 1857 por duas jovens garotas inglesas, que moraram naquela mesma casa.

Após a descoberta, Evie não queria saber de sair da Índia enquanto não descobrisse o máximo que conseguisse sobre aquela incomum história de amor do passado. Nesse meio-tempo, tentaria também entender em que pé andava sua própria história com Martin, onde e quando haviam se transformado naquilo que agora eram. Antes de Martin partir para a guerra, eles eram melhores amigos e melhores amantes. Na volta, ele já era outra pessoa, com receio de tudo e altamente explosivo. Seria possível recuperar tudo de bom que haviam vivido nos primeiros anos? Mais do que isso, no entanto, ela queria descobrir o que havia acontecido com as duas meninas.

Apesar de colocar Evie como a condutora da narrativa, a escritora Elle Newmark alterna as duas histórias, apresentando aos leitores também o contexto em que se encontram Adela Winfield e Felicity Chadwick, as autoras das cartas encontradas por Evie. Ao mesmo tempo, contextualiza a trama, passada em períodos conturbados da trajetória da Índia, como a revolta dos sipais em 1857 e a guerra indo-paquistanesa de 1947, cujo protagonista foi Gandhi. É nesse cenário que Evie descobre mais do que deveria, um segredo perturbador e no qual Martin pode estar envolvido.

O AUTOR

Ganhadora de diversos prêmios, Elle Newmark tem as viagens como inspiração para seus livros. Ela se embrenhou pelas florestas da Costa Rica para escrever The Cloud Forest e explorou a Índia em uma viagem de carro e elefante para produzir The Devil’s Wind. California, Estados Unidos, é sua casa. O livro das perfídias profanas é seu primeiro romance publicado pela Rocco.

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