Capa de O ruído do tempo

O ruído do tempo

Autor: JULIAN BARNES

176 pp. | 14 x21 cm

Tradução: Léa Viveiros de Castro

Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Música

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-3048-6

Preço: R$ 39,90

E-book

Preço: R$ 19,00

E-ISBN: 978-85-812-2673-6

Em O ruído do tempo, seu primeiro romance desde O sentido de um fim, vencedor do Man Booker Prize, e após o sensível ensaio sobre o luto Altos voos e quedas livres, Julian Barnes resgata e ficcionaliza a trajetória do compositor russo Dmitri Shostakovich para retomar questões recorrentes em sua obra como a memória e a verdade. Ao (des)construir uma breve biografia de um dos grandes nomes da música do século 20, Barnes celebra a liberdade artística e oferece um texto extremamente humano sobre integridade, coragem e poder.

A história tem início em 1937, na União Soviética, com um homem parado ao lado de um elevador durante a madrugada. Apoiando uma maleta na perna, ele fuma um cigarro atrás do outro enquanto rostos e nomes, de vivos e mortos, cruzam sua cabeça a mil. Porém, como o leitor é lembrado logo nas primeiras páginas, “nada começa desse jeito, numa certa data e num certo lugar. Tudo começa em muitos lugares, e em muitos momentos; algumas coisas até mesmo antes do próprio nascimento de alguém, em países estrangeiros, e na mente de outras pessoas”. 

Shostakovich tem certeza de que será preso, exilado na Sibéria, talvez até executado. Ele escreveu um de seus maiores concertos, Lady Macbeth de Mitsensk, mas não agradou ao Poder. Para os críticos oficiais, sua composição, “apolítica e confusa”, “gritava, grunhia, grasnava e ofegava”. Em vez de ter sido produzida para ser assobiada pelos trabalhadores, estava contaminada pelo “formalismo e o cosmopolitismo” que ameaçavam a “verdadeira música russa”. O Estado soviético vê a arte como algo que só diz respeito ao povo; o narrador, no entanto, que conduz a trama a partir da consciência do protagonista, acredita que ela pertence a todos e a ninguém, a todos os tempos e a tempo nenhum, aos que criam e aos que desfrutam: “a arte é o sussurro da história, ouvido acima do ruído do tempo.”

Três momentos da vida de Dmitri Shostakovich se encaixam para construir um personagem complexo, contraditório, que se alternou como vítima, engrenagem da tirania. No processo, a literatura, em especial a dos russos Gógol e Tchekov, surge como a grande homenageada em uma abordagem quase surreal do totalitarismo por trás da Cortina de Ferro, que se universaliza a partir das notas kafkianas e orwellianas que erguem o stalinismo ao status de grande (e trágica) farsa. Acima de tudo, em seu virtuosismo contido e cuidadosamente dissonante, O ruído do tempo, mais do que ter a música como peça central, é um romance construído de maneira musical por um dos grandes prosadores contemporâneos – e se destaca como uma das incontestáveis obras-primas de Julian Barnes.

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O AUTOR

Finamente irônico, à inglesa. Dono de uma prosa concisa e elegante, igualmente sensível e vigorosa. Julian Barnes é um dos principais autores britânicos de uma geração criativa e consistente surgida no início dos anos 1980.

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