
O pai morto
Autor: DONALD BARTHELME
240 pp. | 14x21 cm
Tradução: Daniel Pellizzari
Assuntos: Ficção – Romance/Novela
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 24,50
E-ISBN: 978-85-8122-598-2
Imenso, poderoso, frágil, atônito, surpreendente, mentor, castrador, pecador, um homem maior que todos, ou um homem como qualquer um. Uma imensa reflexão sobre a figura paterna, em muitas de suas representações, dá o mote ao romance O pai morto, do norte-americano Donald Barthelme. Publicado originalmente em 1975, e lançado agora pela primeira vez no Brasil, o livro marcou uma geração de escritores ao unir maestria literária e humor inconfundível para narrar, de forma única, a libertina e desvairada morte do seu protagonista, que ao invés de conduzir o enredo vai sendo arrastado, a contragosto, para um destino que ignora, por um cabo que envolve seu corpo descomunal. Suas ordens, máximas e imprecações não conseguem interromper, porém, o falatório amalucado que se desenrola entre as pessoas à sua volta.
Revelado nos anos 1960 nas páginas da revista The New Yorker, Donald Barthelme (1931–1989) se tornou nos anos seguintes um dos expoentes do que a crítica viria a chamar de pós-modernismo. Ganhador do National Book Award e autor de livros de ensaios, contos e romances, sua obra marcou profundamente a cultura americana nas últimas décadas do século XX. Para além dos rótulos críticos, seus livros continuam hoje a repercutir na obra de autores do mundo inteiro que o reconhecem como um desses raros escritores capazes de trazer algo de novo à velha arte de contar histórias. Barthelme marcou uma geração de romancistas – Salman Rusdie, David Foster Wallace, Dave Eggers, entre outros, estão entre seus fãs. No Brasil, O pai morto chega às livrarias com tradução de Daniel Pellizzari e prefácio do romancista Donald Antrim.
O fio condutor do enredo é a saga dos filhos para enterrar o Pai Morto, uma figura gigantesca, que não está totalmente convencido sobre o fim de sua existência. Transportado para o local de sepultamento, ele conversa com os filhos, questionando o fato de que sua morte física já aconteceu. É clara a sua esperança de que permaneça no mundo e que a dificuldade de enfrentar a separação da família é semelhante à tristeza que os filhos experimentam por sua ausência.
As contradições se apresentam ao longo de toda a narrativa, apresentando um pai sob a visão infantil de Todo-Poderoso: ele tem o poder de aniquilar ou de manter vivos animais, embora esteja nas mãos dos integrantes do cortejo fúnebre. O Pai Morto experimenta sensações e sentimentos confusos em relação aos filhos, que pode proteger, mas que também conseguiria destruir, se assim quisesse. Entre os personagens estão Thomas, o filho que lidera o grupo, acompanhado por sua namorada Julie. Juntam-se ao cortejo, Emma, amante de Thomas, que se confunde, no texto e na mente do Pai Morto, com Julie. O alcoólatra Edmundo, o outro filho, também integra o grupo.
Ousado ao explorar diferentes formas de narrativa, Barthelme levanta a ambiguidade de sensações e sentimentos que permeiam as relações entre pais e filhos. E, acima de tudo, promove um carnaval literário, ao mesclar gêneros e estilos – fábulas com definições enciclopédicas, diálogos íntimos com reflexões metafísicas – para surpreender e divertir o leitor.

O AUTOR
Donald Barthelme (1931-1989) foi revelado nas páginas da revista The New Yorker nos anos 1960. É autor de livros de ensaios contos e romances. Sua obra, caracterizada pela subversão irreverente de convenções narrativas, influenciou inúmeros autores e é considerada um dos grandes momentos de renovação da literatura do século XX.