
O Design do Futuro
Autor: DONALD A. NORMAN
192 pp. | 14x21 cm
Tradução: Talita Rodrigues
Assuntos: Arquitetura/Design, Ensaio
Selo: Editora Rocco
Se os carros, além de falar, fossem neuróticos e assustados a ponto de impedir que seus condutores pisassem fundo no acelerador, aumentando a velocidade – e a possibilidade de acidentes – acionando automaticamente freios ou travas em pleno fluxo e criando, aí sim, possibilidades reais de colisões? Se o mundo fosse completamente automatizado, decidindo, com sua lógica fria de bytes e gigabytes, esse seria um admirável mundo novo? Qual seria o lugar do ser humano nesse cenário não tão futurista assim? Em O design do futuro, o professor de Ciência da Computação e conhecido consultor de design de máquinas e aparelhos como carros e computadores Donald A. Norman lança um olhar crítico sobre a tecnologia “inteligente”, de GPS a geladeiras automatizadas. E mostra-se preocupado em como, rapidamente, as máquinas têm assumido o controle do cotidiano do ser humano.
“Os assim chamados sistemas inteligentes ficaram muito presunçosos. Eles acham que sabem o que é melhor para nós. A sua inteligência, entretanto, é limitada. E essa limitação é fundamental: é impossível uma máquina ter conhecimento suficiente de todos os fatores que entram na tomada de decisão humana. Mas isso não significa que devemos rejeitar a assistência das máquinas inteligentes. Conforme as máquinas começam a assumir cada vez mais o controle das coisas, no entanto, elas precisam ser socializadas; elas precisam melhorar o modo como se comunicam e interagem, e reconhecer as suas limitações. Só então elas serão realmente úteis”, resume o autor o tema central de O design do futuro.
Para tanto, o autor sugere que se estabeleça uma nova relação entre homem e máquina, parecida com a que o homem trava com os animais. Apesar de serem de espécie com compreensões e capacidades diferentes, ambos se complementam e se relacionam de forma cooperativa. Com a tecnologia é a mesma coisa: se antes ela era controlada pelo ser humano, com um ligar e desligar de botões, a tecnologia ficou mais poderosa e complexa, com uma lógica própria, e o ser humano se tornou menos capaz de prever suas ações. Para os designers dessas tecnologias, está estabelecido um grande desafio: criar uma maneira adequada de proporcionar uma interação harmônica entre pessoas e dispositivos inteligentes.
Para os designers humanos de máquinas “inteligentes”, o autor sugere, entre outras, que eles façam com que suas criações sejam previsíveis, ou seja, funcionem de forma a não causar surpresas desagradáveis aos consumidores, tornem o resultado compreensível de forma que a pessoa entenda o processo de funcionamento da máquina e estabeleçam uma forma de comunicação com o usuário. Em uma brincadeira paralela, o autor cria regras para que esta nova espécie criada pelo homem possa interagir ainda mais com seu criador, como a de simplificar as coisas ao máximo para que o homem entenda com o que está lidando, deixar que as pessoas pensem que estão no controle (mesmo que não estejam) e jamais rotular o comportamento humano – e imprevisível – como “erro”.
Em resumo, O design do futuro sugere o estabelecimento de uma nova relação entre criador e criatura, para que a automatização cada vez maior das atividades humanas traga realmente benefícios, para ambos os lados. Um livro vital para indústrias, empresas, estudantes de design, estudiosos e para os cidadãos comuns, interessados em manter a funcionalidade – e as rédeas – das criações tecnológicas neste admirável mundo novo.

O AUTOR
Donald Arthur Norman, nascido em 1935, formou-se em Ciências da Computação e Engenharia Elétrica pelo MIT, renomado instituto de tecnologia norte-americano. Alguns anos mais tarde, recebeu o título de doutor em filosofia e psicologia da Universidade da Pensilvânia. Trabalhou na Apple, onde foi vice-presidente do grupo de tecnologia avançada.
Nos anos 1990, fundou, junto com Jakob Nielsen, o Nielsen Norman Group, grupo de consultoria em usabilidade. Atualmente, leciona ciência cognitiva na Universidade da Califórnia, em San Diego, e ciências da computação na Northwestern University, onde coordena os cursos de MBA na área de engenharia. Além de dar aulas, presta consultoria e é membro de vários corpos editoriais, como o da Enciclopédia Britânica.
Dele a Rocco já publicou O design do dia-a-dia e Design Emocional – Por que adoramos (ou detestamos) os objetos do dia-a-dia.