
O céu da amarelinha
Autor: CARLOS EDUARDO LEAL
144 pp. | 14x21 cm
Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Ficção Nacional
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 12,50
E-ISBN: 978-85-8122-478-7
Na casa nove, a um passo do “céu” da primeira amarelinha que desenhou sozinha, a pequena Lívia é interrompida pelo grito de pavor e socorro de sua mãe, Katarina, rasgando o ar de tensão e desespero. Alguma coisa acontecera com Santiago, o pai da menina, e talvez o “céu” nunca mais estaria tão perto de um simples pulo. Eis o ponto de partida do terno e impactante O céu da amarelinha, do psicanalista e escritor Carlos Eduardo Leal.
Filha única e muito desejada, Lívia tem o físico da mãe, mas o gênio, o jeito e os gostos do pai, seu colo, ouvido, amigo, cúmplice, coração e carinho — além de um exímio desenhista de jogo da amarelinha. Contudo, quando uma tragédia toma de assalto o seio dessa família inesperadamente, levando Santiago para o hospital, a garota teme pela perda do seu melhor sorriso, sua barba por fazer, sua voz grave preferida. A porta de metal do CTI, dura, pesada, gelada, calada, cerceia Lívia do contato com seu parceiro de vida, encarcera seu pai num leito hospitalar, cerca o seu grande amor de ausência.
“Numa hora estamos navegando em águas tranquilas e na outra o mar se transforma num rio bravio com cachoeiras e pedras angulosas” — é assim, com lirismo, que Carlos Eduardo Leal acompanha essa delicada relação familiar, em especial a vida de Lívia, desde os seus quase nove anos, passando pela entrada na adolescência, os dilemas e descobertas da idade, até espichar-se em mulher, em contraponto à nova realidade do pai, preso à cama que é o seu mundo, enquanto faz do pensamento o seu avião.
Mesclando diálogos e fluxos de pensamento diversos, o livro aposta na potência e na sutileza da metáfora para tratar tanto da dor, do luto, do enterro diário desse homem outrora saudável, o esteio sentimental de Lívia e Katarina, quanto da imprevisibilidade da vida. Revendo relações, afetos e escolhas num texto de rara fluidez e sensibilidade, o autor mostra que não se entra no “céu” sem antes pegar a pedrinha — no que implica não só em que (tipo de) pedra é essa no caminho, mas também em como avançar até chegar à “casa nove”.