Capa de O caminho de casa

O caminho de casa

Autor: YAA GYASI

448 pp. | 14x21 cm

Tradução: Waldéa Barcellos

Assuntos: Ficção – Romance/Novela

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-3059-2

Preço: R$ 74,90

E-book

Preço: R$ 29,50

E-ISBN: 978-85-8122-684-2

Romance de estreia da jovem autora ganense-americana Yaa Gyasi, O caminho de casa chega ao Brasil com reconhecimento de crítica e público suficientes para justificar toda a expectativa gerada pela sua publicação. Se debruçando com maturidade sobre as feridas abertas da escravidão, Gyasi constrói uma obra “surpreendente” (The Guardian) e “hipnotizante” (The New York Times), “um tesouro a ser apreciado” (Financial Times).  
 
Consagrada como melhor estreia literária pelo prêmio 2017 PEN/Hemingway, O caminho de casa é uma coleção das histórias interligadas de duas irmãs e suas sete gerações de descendentes. Nas primeiras páginas, conhecemos Effia, nascida no século XVIII, no calor almiscarado da terra dos fântis de Gana, na Costa do Ouro africana. Uma das mais belas jovens de sua aldeia, vítima da ira constante da mulher que a criou, Effia se vê afastada da família ao ter sua mão concedida a um homem branco, James Collins, governador britânico recém-nomeado para o Castelo de Cape Coast. Ali, no conforto de seu novo lar, Effia não pode imaginar que sua meia-irmã axânti, Esi – da qual desconhece a existência –, está no calabouço, empilhada com outras centenas de escravos, em meio a excrementos e gritos de raiva e medo, à espera dos navios que os levarão para as plantations na América do Norte e do Caribe.
 
É nos ramos da árvore genealógica de Effia e Esi que Yaa Gyasi explora os reflexos da escravidão ao longo de 250 anos. Cada capítulo em O caminho de casa tem seu protagonista e sua história de opressão, mantida não apenas pelas correntes físicas enroladas nos pulsos e tornozelos, mas também pelas correntes invisíveis que envolviam a mente mesmo após o fim do comércio legal de escravos.
 
Das fortalezas construídas pelos europeus e aldeias onde viviam os fântis e axântis nas terras africanas às plantations e minas de carvão no Alabama, Estados Unidos, aos estaleiros em Maryland e o Harlem, o leitor é apresentado a Ness, Quey, H Duas-Pa´s, Kojo Freeman, Abena, Yaw, Marcus, para citar apenas alguns dos nomes que juntos compõem um retrato do que a escravidão significou – e ainda significa – para milhões. São crianças, jovens, adultos, idosos que carregam cicatrizes físicas e emocionais inimagináveis, que se viram retirados à força dos braços de suas mães, acorrentados e enviados para o outro lado do Atlântico, e que, após o fim da escravidão, continuaram a ser segregados, vivendo sob a iminente ameaça de serem mandados de volta para seus senhores e serem presos por ocorrências como não atravessar a rua quando vinha uma mulher branca.
   
“Todos eram responsáveis. Nós todos éramos… nós todos somos.” Entre os atributos do romance mais celebrados pela crítica está a coragem e honestidade da autora ao tratar de um assunto complexo como a escravidão sem recorrer a soluções fáceis como sentimentalismo e o delineamento do bem e do mal em linhas claras (The Washington Post). É com personagens negros, mestiços e brancos igualmente capazes de atos de generosidade e bárbarie que Gyasi aborda tópicos sensíveis como a cumplicidade de africanos no comércio de escravos, intensificada pela exploração de rivalidades preexistentes entre povos da mesma etnia pelo homem branco (Abro Ni, o perverso); as falsas promessas e alianças; a violenta realidade da fome, chibatadas, estupros, às vezes diários; a separação, destruição completa de famílias; as tentativas, muitas vezes frustradas, de se reerguer, fazer alguma coisa a partir de um passado que se preferiria esquecer.
 
“Nós acreditamos na história de quem detém o poder… Por isso, quando se estuda História, é preciso sempre fazer perguntas. Que história não está sendo contada?”, alerta a professora Yaw a seus alunos no livro. É essa história que Gyasi, se juntando a outras autoras negras como Toni Morrison (Amada) e Chimamanda Ngozi Adichie (Hibisco Roxo), tenta contar em O caminho de casa, amplificando vozes que, em pleno século XXI, continuam a ser sistematicamente silenciadas.
 
“Quanto vale o bicho humano?”, se questiona Effia diante das atividades comerciais do seu marido branco. Em países como os Estados Unidos e o Brasil, onde a desigualdade racial continua a pleno vapor, onde, por exemplo, a incidência de homicídios de negros é infinitamente superior à de brancos, a pergunta de Effia continua pertinente. Mais do que um retrato do quão cruel e terrível foi a escravidão, O caminho de casa mostra seu impacto no mundo contemporâneo, vem para nos lembrar como chegamos aqui, evitando que essa parte significativa da História que gera tanto desconforto seja esquecida, e chamando a atenção para a constante criação de novas formas de subjugação do negro na sociedade. É uma obra literária necessária, essencial.

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O AUTOR

Yaa Gyasi nasceu em Gana e cresceu em Huntsville, no Alabama, EUA. O caminho de casa, seu romance de estreia, garantiu a ela um lugar na lista anual dos cinco autores com menos de 35 anos do National Book Foundation e ganhou o prêmio PEN/ Hemingway 2017 na categoria melhor livro de estreia, além de figurar entre os mais vendidos do The New York Times. A autora mora em Berkeley, Califórnia.

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