
O boxeador polaco
Coleção Coleção Otra Língua
Autor: EDUARDO HALFON
128 pp. | 14x21 cm
Tradução: Lui Fagundes
Assuntos: Ficção – Romance/Novela
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 16,00
E-ISBN: 978-85-8122-477-0
O guatemalteco Eduardo Halfon é uma das vozes mais sólidas da atual narrativa latino-americana, autor de uma dezena de obras de prestígio internacional, e cujo trabalho tem sido constantemente comparado ao de Roberto Bolaño. Finalmente publicado no Brasil, Halfon reúne, em O boxeador polaco, seis histórias que dialogam com a tradição literária e com a prática da ficção, mas que, ao mesmo tempo, mantêm os pés fincados na realidade contemporânea e na história familiar e íntima do próprio escritor.
Não à toa, os personagens-narradores de O boxeador polaco se chamam Eduardo ou Halfon. Ou mesmo Dudu, como carinhosamente é tratado, no conto “Epístrofe”, pela namorada “que tinha estado um tempo em Salvador da Bahia, jogando capoeira e tostando-se nua ou seminua e, supostamente, aprendendo português: voltou chamando-me como se eu fosse um meio-campista da seleção brasileira e com o púbis totalmente depilado”. Mais do que nome, sobrenome ou apelido, o narrador possui muitas características em comum com o autor do livro. Mas trata-se de um “eu” transformado pela experiência literária.
Exemplar dessa mutação é o relato que abre a coletânea, intitulado “Distante”. De fato, há no conflito que pauta a narrativa uma enorme distância entre os esforços do professor de literatura e o desinteresse de seus alunos. As aulas seguem, sem sucesso, na tentativa de destrinchar a poética de Ricardo Piglia ou o estudo de peças clássicas do gênero por Maupassant, Poe, Tchekhov, Joyce. Mas eis que, no tedioso mundo acadêmico, ocorre uma surpresa, na figura de um estudante bolsista e deslocado, verdadeira vocação de poeta, que “dava a impressão de compreender tudo, de ter vivido e sofrido muitas coisas que o resto de nós só conhece por leituras ou suposições ou teorias pueris”. O foco então se desloca da sala de aula para a Guatemala profunda, a brutal distância e separação que há entre a elite da universidade e os povoados de origem indígena. A aparição do real no meio ficcional fornece a tal “história oculta”.
A alternância entre vida e literatura é uma das marcas da escritura de Eduardo Halfon. “Seus contos” – como assinala Antônio Xerxenesky no posfácio à edição da Rocco – “não fingem que são os primeiros contos escritos na história da humanidade. Pelo contrário, estão cientes de que estão inseridos numa tradição, de que uma história dialoga com outra história.” No entanto, para não correr o risco de afastar o leitor sendo excessivamente cerebral, vale-se, também, da maneira como o homem se relaciona com o mundo em seus instintos mais básicos, ternos ou terríveis.
“O boxeador polaco”, relato que dá título à coletânea, apresenta a história de um sobrevivente dos campos de extermínio de Auschwitz. Um homem idoso que, brincando com o neto (que é o narrador do conto), lhe diz que os cinco dígitos verdes gravados no antebraço esquerdo eram o número de seu telefone. Na verdade, o avô revela, ele foi salvo devido à astúcia de um pugilista, também prisioneiro, mas que se mantinha vivo porque os soldados alemães gostavam de vê-lo boxear. Mas fica a dúvida: esta seria mesmo uma história verdadeira? Para Eduardo Halfon, pouco importa, pois “a literatura não é mais que um bom truque, como o de um mago ou de um bruxo, que faz a realidade parecer inteira, que cria a ilusão de que a realidade é única”.

O AUTOR
Eduardo Halfon nasceu na Guatemala em 1971. Estudou engenharia industrial na North Carolina State University e trabalhou como professor de literatura na Universidad Francisco Marroquín. Publicou os romances El Ángel Literário (semifinalista do Prêmio Herralde, 2004) e La Pirueta (2010), entre outros. Seus livros mais recentes incluem os contos de Elocuencias de um Tartamudo (2012) e a novela Monasterio (2014). Está entre os 39 melhores escritores latino-americanos selecionados pelo Bogotá Hay Festival em 2007. Em 2011, recebeu a prestigiosa bolsa concedida pela Fundação Guggenheim. Sua obra foi traduzida ao francês, alemão, inglês, sérvio, italiano e holandês.