
Não Me Lembro de Nada
Autor: NORA EPHRON
144 pp. | 14x21 cm
Tradução: Heliete Vaitsman
Assuntos: Crônica
Selo: Editora Rocco
A jornalista, roteirista e escritora norte-americana Norah Ephron sempre procurou o lado mais engraçado da vida para mostrar em seus trabalhos. A sofisticação e o bom humor seguem como suas principais características, mas um leve toque melancólico também atravessa as páginas de Não me lembro de nada – E outros papos da idade madura. Aos setenta anos, a autora, que já revelou as agruras do envelhecimento com ironia e bom humor no bestseller Meu pescoço é um horror, agora usa seu talento, sensibilidade e sinceridade para falar sobre os efeitos da passagem do tempo sobre a memória. E se revela dependente do Google, “o mago da internet”, a quem recorre com frequência quando ela, a memória, falha.
É nesta fase de esquecimentos – de objetos e da fisionomia de pessoas, inclusive as mais próximas – que voltam, com bastante clareza, as recordações de outras épocas, como a infância em Hollywood, o trabalho no jornalismo e o encontro com figuras célebres, como a escritora Lilian Hellman, com quem manteve amizade durante muitos anos. As referências a artistas, intelectuais e políticos estão por todo o livro. Não só Nora conviveu com a comunidade hollywoodiana, como também foi jornalista em Nova York e Washington.
Se a especialidade da escritora é a criação de comédias românticas como Harry e Sally – feitos um para o outro, que a tornou famosa, e as situações engraçadas, mesmo com um toque de humor macabro, como no livro O amor é fogo, baseado em sua separação do jornalista Carl Bernstein, a verve irônica agora divide espaço com uma certa nostalgia, e momentos dolorosos se sobrepõem a situações cômicas em algumas crônicas. Mas o tom é sempre o de quem sabe que rir de si mesmo é o melhor remédio, inclusive para o envelhecimento.
Rompimentos por conflitos familiares aparecem em relatos vívidos, como o alcoolismo da mãe ou a mágoa com a irmã que a exclui de uma partilha de bens. Há também momentos de dor na morte de uma grande amiga, o desinteresse pelas novidades – de seriados de televisão a drinques –, além de um belo relato sobre sua iniciação na carreira jornalística. O amor por Nova York, a cidade onde escolheu viver, também é declarado neste texto – duro, ao descrever as agruras de uma jovem lutando para marcar sua posição em um mundo masculino, porém comovente, ao externar sua paixão pela profissão.
É refletindo sobre as situações corriqueiras do dia a dia que Nora Ephron transforma suas crônicas numa elegia à vida, superando dores, tristezas e os impedimentos da velhice com elegância e, acima de tudo, bom humor.
O AUTOR
Nora Ephron é roteirista, diretora e produtora de cinema. Ela iniciou sua carreira no jornalismo e em pouco tempo se tornou uma das mais conhecidas repórteres americanas com artigos publicados no jornal The New York Post, nas revistas Esquire, New York Magazine e The New York Times Magazine, entre outras publicações. Recebeu três indicações ao Oscar de melhor roteiro original pelos filmes Harry e Sally – Feitos um para o outro, Sintonia de amor e Silkwood – O retrato de uma coragem. Também são assinados por ela o roteiro de Michael – Um anjo sedutor, Mensagem para você e A feiticeira. Publicou duas coletâneas de ensaios, Crazy Salad e Scribble Scribble, que chegaram ao topo das listas de mais vendidos nos EUA. Dela, a Rocco publicou o best-seller Meu pescoço é um horror e O amor é fogo. Ela mora na cidade de Nova York com o marido, o escritor Nicholas Pileggi.