
E o Bruno?
Autor: ALEKSANDAR HEMON
220 pp. | 14x21 cm
Tradução: Lia Wyler
Assuntos: Ficção – Conto
Selo: Editora Rocco
Impresso
ISBN: 85-325-1412-X
Preço: R$ 36,50
Aleksandar Hemon, escritor nascido em Sarajevo, na Bósnia, e radicado em Chicago, nos EUA, combina fatos históricos com experiências pessoais e ficção. Por vezes, o tom adotado é de humor sarcástico, como no conto "O cego Josef Pronek & as almas do além". O protagonista, recém-chegado aos EUA, resolve permanecer nesse país quando vê pela CNN a guerra eclodir em sua cidade natal – a partir daí experimenta uma versão totalmente contemporânea, exercita seu ponto de vista europeu sobre os valores norte-americanos, e experimenta a estupefação e o ridículo de uma condição estrangeira. Hemon conduz o leitor de um extremo a outro com metáforas e imagens fortes.
Em "As ilhas", conto que abre o livro, o autor descreve as impressões de um menino durante uma visita aos tios Julius e Lyudmila. O passeio a Mljet é entremeado de reminiscências e sensações, e de relatos do tio sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial. Ele havia sido prisioneiro em campos para meninos, e contou ao sobrinho a história de Vanyka: magro, uns 12 anos, louro, olhos azuis. Matou para sobreviver, passou fome e horrores até sucumbir ao inimigo, que não permitia que ele se suicidasse.
Em "Vida e obra de Alphonse Kauders", Hemon faz uma paródia difícil de classificar: entre divertida, ácida e trágica, a narrativa é permeada de uma objetividade desconcertante. Kauders é descrito como um personagem que conviveu com grandes ditadores, como Adolf Hitler e Josip Tito, e sua brutalidade parecia tão natural quanto odiosa. Ele adorava incêndios florestais, era pornográfico na mais exata acepção da palavra, e tinha uma relação muito particular com o número sete. Este conto, entretanto, pode ser lido como uma denúncia às relações de poder que não conhecem limites nem respeitam a vida humana.
O mesmo tipo de denúncia está em "Uma moeda": a barbaridade da guerra é vista por um cameraman de modo alheio e distante, excessivamente profissional. Ao narrador desta história cabe editar o material a ser veiculado, e esta responsabilidade provoca um estado de estupefação e ao mesmo tempo banalização: "usava um colete à prova de balas como se fosse um maiô" — define Hemon — que no conto "O círculo Sorge de espionagem" faz uma espécie de homenagem ao agente secreto Sorge, a serviço da URSS no Japão. A Guerra Fria é o pano de fundo para as lembranças do pequeno narrador, que acreditava na ideia de que o pai poderia ser espião.
Em meios à crueldade da guerra, estranhamentos culturais e lembranças, Hemon extrai poesia, provoca encantamento e choque intensos, e alerta para a falta de sentido da violência.

O AUTOR
Aleksandar Hemon nasceu na Bósnia em 1964 e vive nos Estados Unidos desde 1992. Publicou E o Bruno? , comercializado para 18 países e eleito o melhor livro do ano de 2000 pelo Los Angeles Times Book Review e pelo New York Times Book Review; As fantasias de Pronek, de 2002, finalista do National Book Critics Circle Award; O projeto Lazarus, ganhador do prêmio de Melhor Ficção de 2008 da conceituada revista New Yorker, apontado como um dos cem melhores títulos do ano pelo The New York Times. O autor recebeu os prêmios “Genius Grant”, da Fundação MacArthur, e PEN/W. G. Sebald Award.