Capa de Dentes Negros

Dentes Negros

Autor: ANDRÉ DE LEONES

144 pp. | 14x21 cm

Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Ficção Nacional

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-2699-1

Preço: R$ 39,90

Num futuro impreciso – mas que, de tão opressor, soa muito próximo –, uma doença misteriosa varre parte da população do Brasil. Em poucas horas, famílias inteiras são extintas. A Calamidade, como passa a ser chamado o fenômeno, deixa um rastro de cidades fantasmas e de cadáveres com os dentes enegrecidos, um enorme deserto que se estende por parte do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste do país.

Tempos depois, numa mesa de bar de São Paulo, funcionários de uma emissora de TV confraternizam num happy hour. Um encontro banal, que desencadeia o envolvimento de dois jovens, assombrados pela angústia de suas perdas e de suas memórias. Sobreviventes de diferentes tipos de tragédia, Hugo e Renata são os personagens que abrem Dentes negros, novo romance do goiano André de Leones. A trama, porém, não se limita à dupla: num passeio de ares cinematográficos, com cortes difusos e narrativas entrecruzadas, outros sobreviventes entram em foco.

Sobreviventes não apenas porque ultrapassaram a calamidade, mas, sobretudo, porque carregam a sina de um olhar para o vazio. Sobreviventes, afinal, como têm sido os personagens de Leones, cuja prosa caminha, sempre, rente aos abismos da melancolia. Ante uma desconhecida existência pós-apocalipse, os protagonistas deste romance curto e conciso são, antes de mais nada, seres enovelados a um tipo muito peculiar de solidão.

Dentes negros, afinal, não narra o apocalipse, e sim algo talvez ainda mais perturbador: o que vem depois dele. Os meandros do vazio, onde tanto o passado quanto o futuro permanecem em suspensão, alegorias inatingíveis e enigmáticas. A calamidade é um cenário, um ponto de partida. Mas a matéria-prima da trama é uma angústia essencialmente contemporânea, calcada nos conflitos mais corriqueiros do dia a dia, na violência e nos afetos que brotam de onde menos se espera. Para dimensionar a tragédia, a câmera do autor persegue a banalidade sempre perversa dos dias.

Neste romance, a prosa rápida que marca a obra de Leones ganha a companhia de fotografias em preto e branco assinadas por Lívia Ramirez. Flagrantes de paisagens desertas, como nesgas de lembranças desabitadas, as imagens servem de comentários visuais, inusitadas provocações. E, assim, lançam luz a essa história que cria uma tonalidade originalíssima entre a desilusão e a possibilidade de reencantamentos sempre novos.

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O AUTOR

André de Leones estreou na literatura com Hoje está um dia morto, livrou com o qual ganhou o Prêmio Sesc de Literatura 2005 e conquistou a atenção da crítica especializada. Em 2008, lançou o volume de contos Paz na terra entre os monstros. Chegou à Rocco em 2010, por onde lançou os romances Como desaparecer completamente (2010), Dentes negros (2011) e Terra de casas vazias (2013). O autor colabora com o jornal O Estado de S. Paulo. Weblog: vicentemiguel.wordpress.com.

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