Capa de Contra Bush

Contra Bush

Autor: CARLOS FUENTES

172 pp. | 14x21 cm

Tradução: Ebréia de Castro Alves

Assuntos: Assuntos Contemporâneos, Ensaio, Política

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 85-325-1776-5

Preço: R$ 25,00

Finalmente estamos diante de uma das mais relevantes manifestações político-culturais do momento: o polêmico e aclamado livro Contra Bush, do escritor mexicano Carlos Fuentes, um dos maiores expoentes da literatura de língua espanhola.

O título do livro deixa bem clara a intenção do autor: expor seu ponto de vista radicalmente contrário a George W. Bush. São quase 30 artigos escritos entre agosto de 2000 e junho de 2004, que trazem uma profunda análise dos efeitos negativos da atual política norte-americana sobre os países da América Latina.

Ao modo de um diário crítico, o livro reúne reflexões sobre a crise política norte-americana e mundial ocasionada pelo governo Bush, do ângulo não só mexicano e latino-americano, mas também de toda a corrente mundial que luta por uma vida intermediária entre a arrogância e o intervencionismo bushianos e a violência antidemocrática de todos os totalitarismos.

Contra Bush

Carlos Fuentes é impiedoso ao traçar o perfil do estadista norte-americano, mostrado como um homem simplório, provinciano, frívolo, perverso, de reduzidas faculdades intelectuais, movido por interesses pessoais e cercado por uma equipe de colaboradores ultraconservadores. Fuentes compara Bush a Hitler e Stalin. E conclui: a diferença entre eles é que os ditadores nazista e soviético tinham menos poder que o presidente dos EUA, país cuja supremacia sobre todos os demais é algo que não se via desde o Império Romano. O alento, segundo o escritor, é que Hitler e Stalin eram irremovíveis, ao contrário de Bush – os eleitores norte-americanos podem lhe negar um segundo mandato.

O posicionamento de Fuentes em relação a Bush não significa que o autor poupe Saddam Hussein e Osama bin Laden de suas críticas. No entanto, Fuentes apresenta o ex-ditador iraquiano e o líder do grupo terrorista Al Qaeda como criaturas que se voltaram contra seus criadores: os próprios EUA. Ele se pergunta: e se Ronald Reagan não tivesse armado Saddam para fortalecer o Iraque contra os aiatolás iranianos ? E se George Bush pai não tivesse armado Osama e o Talibã para lutar no Afeganistão contra a presença do inimigo soviético?

Outros questionamentos, devidamente respondidos, se juntam a estes. E se a razão psicológica do Apocalipse for a vaidade de um garoto rico – Bush – que nunca lutou numa guerra e entrou na Universidade de Yale com notas mínimas e influências máximas? Como é possível que num mundo globalizado as coisas circulem livremente, mas os seres humanos não? Diante de uma discussão tão ampla e complexa, o leitor finda por conhecer também a opinião de Carlos Fuentes sobre diversos outros assuntos, como a legalização do uso de drogas, a imigração ilegal de latino-americanos nos EUA, a descriminalização do aborto, a liberdade de imprensa e expressão, a fome no Terceiro Mundo, os conflitos em Israel, a crise argentina, o boicote norte-americano a Cuba e o papel político e econômico da América Latina, que teria deixado de ser o quintal dos EUA para se tornar algo ainda pior, uma espécie de porão dos esquecidos.

As análises de Fuentes são incrivelmente lúcidas, bem apresentadas e fundamentadas, além de contar com uma qualidade literária que só um grande escritor poderia oferecer. O pessimismo está em todas as páginas, mas a esperança também, como contraponto .

Encontra-se também inteira neste Contra Bush a outra faceta do romancista único que é Carlos Fuentes: a do cronista político.

apresenta toda a trajetória recente do presidente americano: sua campanha rumo à Casa Branca; sua discutível eleição, decidida pelos juízes, não pelos cidadãos; a recusa em participar do Tratado de Kioto, cujo objetivo é reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera; a rejeição ao Tratado Antibalístico de Mísseis; o desprezo pelo Tribunal Penal Internacional; a reação equivocada aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001; o ataque ao Afeganistão; a guerra contra o Iraque; a tortura de civis e militares iraquianos e a atual campanha de reeleição.

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O AUTOR

Filho de pais diplomatas, Carlos Fuentes, o mais prestigiado escritor mexicano, nasceu no Panamá, em 11 de novembro de 1928, e passou sua infância em diversas capitais da América. Na adolescência, regressou ao México, país onde se radicou até 1965 e que marcaria sua obra.

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