
Como Desaparecer Completamente
Autor: ANDRÉ DE LEONES
192 pp. | 14x21 cm
Assuntos: Ficção – Romance/Novela, Ficção Nacional
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 16,00
E-ISBN: 978-85-8122-405-3
Um jogo de recomeços. Assim é a trama de Como desaparecer completamente, terceiro livro de André de Leones e sua estreia na editora Rocco. Montado em fragmentos, o romance traz à tona, de forma cada vez mais consolidada, o estilo marcante do jovem autor, sua linguagem despojada descortinando um emaranhado de vozes, dores, volúpias, distorções.
Para tal, Como desaparecer completamente apresenta, de diferentes pontos de vista, o término e o início de relacionamentos amorosos. Mariana, Marcelo, Augusta, João Bosco, Maria Paula. Personagens que experimentam o fim e o começo, enquanto se confrontam com fantasmas e sobressaltos de sua própria mirada no espelho.
Um fora, uma dor de cotovelo, uma transa com um desconhecido: cenas corriqueiras do repertório afetivo que, narradas ao estilo de Leones, abrem caminho para os perigosos meandros do autoenfrentamento. Absortos na tarefa de viver o luto e a conquista amorosos, os personagens deste romance vão desbravando histórias cada vez mais subterrâneas, enquanto disparam pistas de suas complexas personalidades. Passo a passo, página a página, a comunicação entre eles vive diferentes e sutis metamorfoses, rituais inomináveis que permeiam a convivência a dois.
Mas, além dos personagens que nomeiam os capítulos, há um personagem onipresente, fantasmagórico. São Paulo, cenário da narrativa, é também o redemoinho vivo que acolhe — e possibilita — tantos encontros e desencontros. É a metrópole que, tal e qual um tabuleiro de xadrez, dá o traçado para que essas figuras tipicamente urbanas se movimentem e se golpeiem.
E, por isso mesmo, representa um passo além na trajetória de André de Leones, que ganhou reconhecimento com um texto baseado na atmosfera sufocante de uma cidade do interior (cenário de seu romance de estreia, Hoje está um dia morto, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2005). Agora, lançando sua literatura sobre um gigante cinza como São Paulo, o jovem autor prova que ganhou em maturidade, ao mesmo tempo que reforça os traços com os quais desenha, já há tempos, seu estilo inconfundível.
Em Como desaparecer completamente, Leones explora múltiplas possibilidades narrativas. A terceira pessoa que assume a narração na primeira e na terceira partes do livro dá lugar, na segunda, ao domínio do “eu”. Dessa forma, o escritor embaralha os ângulos com os quais já esquadrinhara suas histórias. Tudo é incerto, frágil, mutante — como costumam ser as (boas) histórias de amor.
Enquanto isso, a narrativa em primeira pessoa experimenta múltiplos recursos. Ora é uma troca de e-mails, ora é o tom confessional de um blog que apresenta, de trás para frente — do mais atual para o mais antigo — os posts que vão montando o quebra-cabeça de uma história. E até um roteiro de cinema aparece, com seus fade ins e seus diálogos secos, para compor o mosaico de tipos e situações que é Como desaparecer completamente. Desta forma, Leones assume que funda um jogo, alimentado por piscadelas como os nomes de algumas personagens — Silvânia, homônima da cidade onde cresceu o autor, e Augusta, título de uma das habitantes do livro, e nome de uma das mais importantes ruas de São Paulo, ícone da multiplicidade e dos paradoxos que representam a metrópole.
Mestre no manejo de tons viscerais, o Leones que cresce em Como desaparecer completamente é, porém, mais poético. Sua prosa seca, entrecortada, repleta de sexo e de certa violência, abre caminho para algum lirismo, consagrado no parágrafo final. Afinal, esta é, sobretudo, uma coletânea de histórias de amor.

O AUTOR
André de Leones estreou na literatura com Hoje está um dia morto, livrou com o qual ganhou o Prêmio Sesc de Literatura 2005 e conquistou a atenção da crítica especializada. Em 2008, lançou o volume de contos Paz na terra entre os monstros. Chegou à Rocco em 2010, por onde lançou os romances Como desaparecer completamente (2010), Dentes negros (2011) e Terra de casas vazias (2013). O autor colabora com o jornal O Estado de S. Paulo. Weblog: vicentemiguel.wordpress.com.