
Caligrafia silenciosa
Coleção Coleção Espelho do Mundo
Autor: GEORGE POPESCU
80 pp. | 11,7x20 cm
Tradução: Marco Lucchesi
Assuntos: Ficção – Poesia, Rocco Jovens Leitores
Selo: Rocco Jovens Leitores
E-book
Preço: R$ 16,00
E-ISBN: 978-85-8122-563-0
Não se trata de magia, mas de exercício: dar sombra e contorno ao indizível que passa em frente à caverna de Platão. Não é uma questão de origem, nem de fim, e sim de meio — o não lugar; estar sempre a caminho. É sobre esta poesia, mais eloquente quando emudece, que o poeta, escritor, ensaísta e tradutor romeno George Popescu sangra, ou dissimula, ou projeta sua Caligrafia silenciosa – título do livro que abre a coleção Espelho do Mundo, da Rocco Jovens Leitores. Dedicada à poesia contemporânea, em edições bilíngues, ela é idealizada pelo acadêmico carioca Marco Lucchesi.
Amigos e tradutores um do outro em seus países, Romênia e Brasil, respectivamente, Popescu e Lucchesi convergem seus talentos e olhares (e a latinidade das línguas, ao mesmo tempo tão próximas e tão distantes) neste volume que, desde o prefácio, convida o leitor a refletir sobre o fazer poético como confronto e afronta — o caduco que caminha para a novidade subversiva, o novíssimo que se pensa e quer novíssimo e retorna à tradição —, como forma de estar no mundo.
Selecionados e traduzidos pelo poeta, romancista, ensaísta e tradutor brasileiro, os poemas compreendem dois blocos: “Caligrafia silenciosa”, escrito entre a Itália e a Romênia, de 2002 a 2005; e “Ars Moriendi”, concebido por George Popescu a partir de uma viagem ao Rio de Janeiro e a São Paulo, em 2005, para uma série de conferências literárias. Em ambos conjuntos de textos, o autor romeno testa, brinca e exercita a língua sobre sentimentos e sensações, afinal, segundo o próprio, o que é a poesia senão “a divisão silábica das coisas vividas”?
Insinuando-se nos abismos particulares de cada um, os versos de Popescu debruçam-se sobre o homem, sua existência — “procuro a mim mesmo nos olivais famintos”; “nenhum rosto”; “esqueci de onde venho”; “não sou o escolhido”; “a ilusão não me concerne”; “no verso da página ainda se veem/ as intraduzíveis chagas do poeta”; “é minha a dor inteira/ desse esfomeado oceano”.
Em meio à crise de valores, estilos, temas, conteúdo e da própria escrita em si, o poeta se põe como protagonista — “este rosto não possui mais janelas”. É o demiurgo que se lança na matéria viva do poema — “(…) em suas retinas/ uma arte germina” — e que pelo ato de escrever se dá conta de sua condição humana: “Na densa e silenciosa escuridão como a noite/ de um amor desperdiçado/ sequer uma palavra/ só o nariz erguido na direção de um céu invisível// zigoma apertado nesta imagem/ que cai no teu ventre como um cão/ magoado na soleira de sua última vontade/ de tornar-se homem.” Uma poesia, enfim, reflexiva e ruidosa a cada silêncio.
O AUTOR
George Popescu nasceu em 1948 em Bratovoiesti-Dolj, na Romênia. Poeta, crítico e tradutor, formou-se em Filologia pela Universidade de Craiova, em 1971, onde lecionou até 2013, na Faculdade de Letras. Membro da União Romena dos Escritores, desenvolve intensa atividade cultural, dirigindo e colaborando com inúmeras revistas, dentre as quais Autograf, Paradigma, Ramuri e Mozaicul.