Capa de Aos Sábados

Aos Sábados, pela Manhã

Autor: SILVIANO SANTIAGO

320 pp. | 14x21 cm

Assuntos: Teoria E Crítica Literária

Selo: Editora Rocco

Impresso

ISBN: 978-85-325-2847-6

Preço: R$ 39,90

E-book

Preço: R$ 25,50

E-ISBN: 978-85-81222-32-5

Quando o jornal O Estado de S. Paulo pôs na rua o suplemento literário Sabático, em março de 2010, apresentava também uma novidade de peso para o debate cultural no Brasil. Silviano Santiago, um dos escritores e críticos mais atuantes de nossos tempos, passaria a ter um espaço fixo na imprensa. Quinzenalmente, nos últimos anos, os leitores puderam acompanhar, na coluna, as impressões de Santiago sobre assuntos tão diversos quanto a alquimia poética do Modernismo, as conferências de Claude Lévi-Strauss, a história da psicanálise, os jogos interativos e a computação em 3D, a gênese do conceito de “subalterno”, a então recém-lançada autobiografia da iraniana Azar Nafisi, o narcisismo em tempos digitais. São artigos criados sob a perspectiva interdisciplinar que tem marcado a produção do autor, e que promovem um raro intercâmbio entre a análise literária e os outros campos de saber.

Aos sábados, pela manhã reúne 71 desses textos, organizados e apresentados pelo pesquisador Frederico Coelho. Neles, Santiago “nos apresenta uma espécie de obra em progresso, em que cada sábado o crítico convida o leitor para um novo passo rumo ao risco. Risco de escrever ainda sob o calor de suas leituras. Risco de comentar em espaço mínimo eventos complexos de uma produção cultural cada vez mais emaranhada em redes de saberes e poderes. Risco, enfim, de assumir o lugar exposto de crítico do contemporâneo em um jornal de grande circulação”, explica o organizador.

E ainda mais: ao escrever para os leitores de Sabático, Santiago não é apenas o crítico rigoroso e o pesquisador astuto. É também o professor empenhado em iluminar a trajetória das ideias e histórias, o escritor obcecado pela clareza e pela elegância. Suas colunas são, simultaneamente, aulas que passeiam por temas variados – sempre desvelando a meada de múltiplas referências onde estão pousadas as ideias – e peças de raro sabor literário. Além disso, o autor possui a preciosa habilidade de passear por variados tempos e áreas de saber, num zigue-zague que captura inevitavelmente a atenção do leitor.

Isso porque, em seus textos, é a ação que ilumina a teoria. O historiador de arte alemão Aby Warburg está em expedição pelo ainda selvagem sudoeste norte-americano e descobre a dança da chuva dos indígenas, onde a cascavel é, ao mesmo tempo, veneno e remédio. No início do século passado, um menino chamado Carlos Drummond de Andrade está sentado sozinho no quintal de sua casa, lendo as aventuras de Robinson Crusoé. O ano é 1977 e, em vez de chorar pela morte da mãe recém-falecida, Roland Barthes anota em fichas o significado do luto e sobrevive solitário no apartamento de Saint-Sulpice, em Paris. E tudo isso está ligado à forma como revisitamos a Renascença, como se construiu a indústria fílmica, como se descobre a liberdade interior.

O olhar de Santiago é capaz de atribuir atualidade mesmo ao cânone mais exauridamente observado – como no artigo em que elabora uma saborosa reflexão sobre o lesbianismo na obra de Marcel Proust. Iluminar os vestígios deixados por temas da moda – caso do texto em que mostra como o badalado 2666, romance póstumo de Roberto Bolaño, representa um “novo cosmopolitismo literário”. Costurar os caminhos deixados pelo cinema, pelas artes plásticas, pela literatura e pela política – forma de percorrer os subterrâneos de nossos tempos para, com isso, elaborar um panorama realmente autêntico sobre o pensamento ocidental. Isso tudo com o jeito descontraído de quem conversa na mesa do café, nos sábados, pela manhã.

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O AUTOR

Silviano Santiago é um dos mais prolíficos intelectuais brasileiros. Poucos autores conseguiram conjugar tão bem, e de forma tão definitiva, obras ficcionais e críticas. Escritor, poeta, professor, crítico literário e ensaísta, foi três vezes vencedor do Jabuti – com Em liberdade (romance, 1982), Uma história de família (romance, 1993) e Keith Jarrett no Blue Note (contos, 1997). Seu romance Heranças recebeu o Prêmio ABL de Ficção 2009 e ficou entre os finalistas do Jabuti e do Portugal Telecom. Suas obras foram traduzidas para o inglês, francês e espanhol.

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