
A Menina que Não Viu o Fim do Mundo
Autor: CLEUSA MARIA
88 pp. | 14x21 cm
Assuntos: Infantil, Juvenil, Rocco Jovens Leitores
Selo: Rocco Jovens Leitores
O nome dela era Aurora. Ou melhor, era assim que ela resolvera se chamar. Aurora, como queria a parteira e madrinha Ifigênia. Aurora adorava perguntas, vivia sempre com um ponto de interrogação na ponta da língua. Queria conhecer tudo e saber de mais ainda. E a lista de porquês, comos e quês ia lá longe. Onde começava e terminava o mundo, por exemplo, por que a roda da velha máquina rodava para frente e não para trás vinha logo em seguida, ou como é que o avô conseguia ficar o verão trancado num quarto escuro e só se levantar no inverno para dar ordens e deixar todos apavorados. Era tanta pergunta, que a avó interrompia a costura a toda hora e, sempre atarefada, reclamava bastante.
Tudo isso acontecia lá pelos lados do rio São Francisco, perto de uma velha ponte de arcos e de cujas águas saía o pequeno Indaiá, riacho cheio de dourados e surubins, lá no interior das Minas Gerais. Bem no início desta história, nas ruas esburacadas só existiam alguns postes que saíam pingando uma luz amarelada sobre as poças. A cidade era perdida no meio do mapa, quase esquecida. Lá reinava tanta calma, mas tanta calma que dava até para atordoar. Uma calma de fim de mundo. As ruas eram vazias, as tardes, silenciosas, e as noites, de grandes tempestades.
Assim, entre pedaços de bolo de fubá, queijo curado, canecas de leite adoçado com rapadura e canela, biscoitos de polvilho azedo, panela de ferro, fogo de lenha, abacateiro carregadinho de fruta, queijadinha, e bala de mel com laranja, nos chegam as comoventes memórias de Aurora, e da grande aventura de sua infância. Infância por onde passam muitos e muitos vôos. Da imaginação principalmente.
A menina que não viu o fim do mundo, livro de estréia de Cleusa Maria e da Coleção Memórias da Terra mostra – com uma delicadeza infinita – que a autora acredita nas palavras e na capacidade que elas têm de construir sonhos.
O AUTOR
Cleusa Maria nasceu em Dores do Indaiá, interior de Minas Gerais, e sempre foi apaixonada por livros. Formou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Passou por diferentes redações do Rio até chegar ao Jornal do Brasil, em 1976. Ao longo de sua carreira no JB, foi repórter especial do Caderno B; colunista titular do Informe de Arte; editora do caderno Casa e Decoração e, da Revista Domingo. A menina que não viu o fim do mundo é seu livro de estreia.