
A lição de anatomia
Autor: NINA SIEGAL
272 pp. | 16x23 cm
Tradução: Waldéa Barcellos
Assuntos: Ficção – Romance/Novela, História Da Arte/Teoria Da Arte, Romance Histórico
Selo: Editora Rocco
E-book
Preço: R$ 22,50
E-ISBN: 978-85-8122-676-7
Amsterdã, 1632. A capital holandesa promove todo o ano o festival chamado Dia da Justiça. Mas comemorar a justiça naquele país, no século XVII, não era propriamente algo leve e alegre, como se tem num bom feriado. Neste dia, promovia-se uma espécie de prestação do poder público sobre suas “políticas de segurança” e, ao mesmo tempo, uma satisfação do desejo de sangue da população: a execução em área aberta de penas e punições variadas, que iam de açoites ao enforcamento, de um determinado número de acusados e condenados por seus crimes. Neste ano, uma das “estrelas” dessa macabra atração iria tornar-se inesquecível: o ladrão conhecido como Aris Kidt, sentenciado ao enforcamento. Seu cadáver seria eternizado em uma pintura de Rembrandt depois de uma feroz disputa pela posse de seu corpo. De seu corpo, somente.
A lição de anatomia é o segundo romance da escritora americana Nina Siegal. Uma refinada ficção histórica, fruto das pesquisas da autora na Holanda, onde vive atualmente. Quem era o corpo dissecado na obra “A lição de anatomia do Dr. Nicolae Tulp”, um das mais famosas pinturas de Rembrandt? Essa pergunta inspirou a autora a reimaginar a história por trás da obra e das personagens envolvidas naquele cenário. O homem morto no quadro, Adriaen Adriaenszoon, também conhecido como Aris Kindt (ou Aris, o Garoto), realmente existiu e uma consulta nos arquivos públicos de Amsterdã revelava um dossiê completo dos crimes cometidos por ele. Para Nina, o ponto de partida de seu romance era justamente uma vida que se acabara, mas cujo corpo não fora deixado descansar com seu espírito. Alguém se importara com Aris? Com a pessoa e não somente com seu cadáver?
Sim! Poderia existir uma mulher, uma companheira, uma moça humilde que carregava o filho de Aris em seu ventre. Ela se chamaria Flora e seria hostilizada por estar grávida de um criminoso reincidente. Seria a única pessoa a enxergar a humanidade do ladrão. Ela lutaria contra tudo e todos, contra uma sociedade hipócrita, que se orgulha de suas grandes mentes – médicos, filósofos, artistas –, mas ainda capaz de manter rituais extremamente bárbaros e cruéis, como as execuções em praça pública, para dar um sepultamento digno ao amado.
Seriam justamente os intelectuais da época, o grupo de homens reunidos com o objetivo de entender a humanidade, incapaz de reconhecerem o que nos faz humanos. O cirurgião Nicolae Tulp está ansioso para fazer sua palestra de autópsia para os colegas em momento especial, no qual será retratado por um jovem Rembrandt, retratista e testemunha ocular de todo esse processo, no qual ele não só se apropria do corpo de Aris como o torna imortal em sua obra. Já René Descartes busca no cadáver frio do ladrão uma chance de provar se existe alma dentro do corpo. Por fim, a Jan Fetchet, um comerciante de raridades e coisas exóticas, vê seu cadáver como apenas uma possibilidade de ganhar dinheiro com a compra e venda dessa “coisa exótica” para seu cliente. No romance, Siegal alterna entre as perspectivas de seus personagens para capturar a história por trás de uma obra-prima, explorando a emoção dolorosa da perda e o preço que é pago por se tentar entender a vida humana. “Todos buscamos sua carne”, diz Rembrandt sobre Aris, “mas ele não pertencia a nenhum de nós.”

O AUTOR
Nina Siegal obteve seu mestrado de Belas-Artes, em ficção, da Iowa Writer’s Workshop. Recebeu uma bolsa Fullbright para Escrita Criativa, duas bolsas da MacDowell Colony, entre outros subsídios e prêmios. Ela escreveu sobre belas-artes e cultura para The New York Times, Bloomberg News, International Herald Tribune, W, Art in America e muitas outras publicações voltadas para a arte.