Depois de conquistar o prêmio Smarties, um dos mais importantes da literatura infanto-juvenil na Grã-Bretanha, com Jornada pelo Rio Mar, lançado pela Rocco em 2007, a austríaca radicada na Inglaterra Eva Ibbotson volta a surpreender os leitores em A estrela de Kazan, um romance encantador que se passa no início do século XX, entre Viena e a Alemanha, protagonizado por uma órfã muito especial. Com seu manejo habitual da linguagem, Eva Ibbotson alcança o equilíbrio perfeito entre uma escrita elaborada – que em momento algum se confunde com empolada! – e uma narrativa ágil, fluente e cheia de bom humor, e mostra, mais uma vez, por que é considerada uma das autoras mais importantes da literatura infanto-juvenil atualmente.

A história tem início quando Ellie e Sigrid, duas bondosas criadas de uma família de três irmãos professores um tanto excêntricos, encontram um bebê com poucos dias de vida numa igrejinha nas montanhas, em sua folga dominical. A dupla tenta entregar o bebê no convento da cidade, mas há um epidemia de tifo e, temporariamente, as freiras não podem aceitar crianças no local. As duas solteironas, que não tinham a menor experiência com bebês, não têm outra alternativa a não ser levá-lo, pelo menos até que o problema da epidemia seja resolvido no convento. Com muito custo, os patrões consentem em receber a criança, desde que ela seja mantida na área reservada às criadas e não atrapalhe a rotina da casa.

A partir daí, não é difícil imaginar que a pequena Annika, que recebe este nome em homenagem à mãe de Ellie, vá conquistando pouco a pouco o coração das duas criadas, e até mesmo dos sisudos professores Julius, Emil e sua irmã Gertrudes, e todos concordam com que ela fique morando com eles definitivamente. A menina cresce gentil e muito prendada, aprendendo os segredos da cozinha com suas duas mães adotivas. Ela também faz amigos na cidade, com quem divide seu tempo livre e seus sonhos de criança. Mas, por mais que sinta feliz, Annika imagina o dia em que sua verdadeira mãe aparecerá para reivindicá-la, linda e rica, numa bela carruagem.

A história de Annika começa a mudar quando ela conhece a misteriosa La Rondine, uma velha senhora dona de uma vida feita de aventuras e segredos, tia-avó da fútil e esnobe Loremarie Egghart, uma menina, digamos, não muito agradável, cujo passatempo preferido é humilhar Annika e seus amigos. Em sua curta convivência com La Rondine, Annika aprende muito sobre o amor, a vida e a liberdade, mas nem poderia imaginar que as histórias contadas pela adorável senhora, em especial uma sobre uma certa “estrela de Kazan”, uma linda esmeralda que La Rondine ganhou de um apaixonado conde russo, poderiam lhe dizer muito sobre a sua própria vida e a origem de sua verdadeira família.

A estrela de Kazan é um daqueles romances emocionantes e inesquecíveis que, uma vez lidos, na infância ou em qualquer outra época, por crianças dos 8 aos 80, passam a fazer parte da “biblioteca afetiva” de cada um.

O AUTOR

Eva Ibbotson nasceu em Viena e passou os primeiros anos de sua infância viajando pela Europa, entre a residência de seu pai, cientista, e a de sua mãe, romancista e dramaturga, os quais se separaram quando ela completou três anos. Quando os nazistas chegaram ao poder, sua família fugiu para a Inglaterra e Eva foi enviada para um internato. Ela planejava se tornar fisiologista, mas odiava experiências com animais e foi salva de uns coelhos ferozes por seu futuro marido. Tornou-se escritora enquanto criava seus quatro filhos. Seus romances juvenis figuram entre os mais vendidos em todo o mundo. Muitos são premiados, como Jornada pelo Rio Mar, que recebeu o prêmio Ouro da Nestlé, e A estrela de Kazan, merecedor do prêmio Prata da Nestlé e recomendado para a medalha Carnegie. A autora morreu em 2010, aos 85 anos.

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