Entre fadas, tirus e leprechauns
Conta aí, com Pedro Martins25 de novembro de 2016
Salva pela magia dos pergaminhos de J.K. Rowling, Carolina Munhóz decidiu que se tornaria escritora ainda na adolescência. Após anos de dificuldades, o sucesso vivido com o marido Raphael Draccon nos Estados Unidos incrivelmente não faz dela uma leprechaun, mas uma viajante de mundos fantásticos que está sempre acompanhada de uma pena e um tinteiro.
O Green Card do governo americano mudou a vida da escritora, que já trabalhou antes nos Estados Unidos, mas como AuPair. Em uma Los Angeles que “exala criatividade”, ela se dedica integralmente à carreira artística: “Antes eu era uma menina apreendendo a trabalhar, hoje sou uma mulher com uma carreira estabelecida.”
Mas nem sempre foi assim. De classe média, com problemas familiares e sofrendo bullying nos corredores da escola, Carolina também teve suas dificuldades quando decidiu se tornar escritora. Uma delas foi ver-se obrigada a escolher uma profissão pré-estabelecida; afinal, existe algum curso específico para escritor? Não, mas “o jornalismo foi essencial para a minha carreira”, explica a autora. “Tenha sempre um plano B! Todos os escritores bem-sucedidos que conheço são formados ou cursaram parte de algum curso relacionado à sua carreira.”
E para quem antes tinha que dividir o quarto com a irmã, que, “mesmo com sono e irritada” a deixava terminar de escrever a cena sob as cobertas, atualmente os desafios são outros. O maior deles – vejam só – é o telefone! “Trabalhamos de madrugada e dormimos pela manhã, então sempre existirão telefonemas importantes para nos acordar.”
Carol também é viciada em redes sociais, algo que de certa forma pode comprometer os muitos prazos a que sempre está submetida. Afinal, além da literatura, hoje ela se dedica ao mundo dos roteiros: “acaba enriquecendo bastante a minha escrita. Aprendo novas técnicas, mas o tempo é escasso, tem que ser muito bem administrado. Isso dificulta um pouco.”
Falando de roteiros, será que algum dia veremos as histórias de Munhóz nas TVs e telonas?
Sem revelar muito, ela conta: “Existem conversas rolando, principalmente de uma obra que acho que combina demais com o que estou vivendo no momento. Espero poder falar sobre isso em breve.”
Saindo do campo misterioso, algo mais tangível no momento, e que os leitores sempre pediram, é um livro escrito a quatro mãos. Porque quando Carolina Munhóz está escrevendo, Raphael Draccon também está – “Viva a luz e o barulho!”. Com relação a isso, ela é mais assertiva: “Acredito que em 2018 deva sair um livro escrito pelos dois. Mas desde que estamos juntos, sempre existe um dedinho de cada na obra do outro.”
Mas, por enquanto, certeza mesmo é que o terceiro e último livro da Trindade Leprechaun, ainda sem título revelado, será lançado no ano que vem. Por um Toque de Sorte, o segundo volume, chegou às prateleiras na última Bienal do Livro.
Para Munhóz, que já viveu entre fadas e tirus, escrever sobre leprechauns “foi intenso e maravilhoso!” Depois de pesquisas que incluíram uma viagem à Irlanda, a autora diz que não encontrou muito material sobre eles. Enquanto nos livros sobre fadas ela se baseou em lendas transcendentais, e nos do Reino, com a atriz Sophia Abrahão, as fontes eram os próprios fãs, com os leprechauns Carol conta que “pôde pirar de vez!”
Depois de seis livros em inúmeras terras fantásticas e em países no exterior, em Por um Toque de Sorte ela escolheu a Cidade Maravilhosa também como cenário. Tendo morado por quatro anos no Rio de Janeiro, escrever sobre ele foi fácil. O difícil, na verdade, foi o medo e a pressão que isso causou: “Qualquer coisa negativa que eu escrevesse sobre a cidade seria visto como um absurdo. Mas eu sempre coloquei defeitos das cidades de fora nos meus outros livros também”. Apesar do “clima tenso”, Carolina diz: “sempre soube da atmosfera mágica que o Rio possui e amei colocar meu toque nele.” Quem ainda não o leu, pode esperar “outra porrada daquelas!”
Encerrando a conversa, Carol prova que poderia fazer cosplay de Professora Trelawney, e fala sobre o futuro: além do sonho de ser publicada em inglês, espera que as fadas e os leprechauns lhe agraciem com muita felicidade ao lado do marido, do futuro bebê fada-dragão – não, ela ainda não está grávida! -, mais um bocado de livros e, quem sabe, alguns filmes e séries? Ah, claro, não podemos esquecer dos feéricos!
Que nem o céu seja o limite, Carol!
Pedro Martins, viciado em livros e filmes, descobriu a magia por meio dos escritos de J.K. Rowling aos oito anos. Essa paixão o tornou webmaster do Potterish.com e o possibilitou escrever sobre literatura para diversos portais, incluindo o britânico The Guardian. Mensalmente, ele conversa com os nossos autores e escreve a coluna Conta aí.
Ai que linda! Vou comprar pra ontem a saga “Por um toque” e devorar pra já. Como futura letranda e professora de português/inglês, espero conseguir terminar neu livro e publicar também.
Felicidades, Fada Carol ????????
Bela coluna, Pedro! <3
Obrigado, Marina!!!