Children of Blood and Bone no Brasil
Livro de Tomi Adeyemi é inspirado em religiões africanas, na mitologia iorubá e em passagem da autora pelo Brasil19 de julho de 2018
Eles mataram minha mãe.
Eles tomaram nossa magia.
Eles tentaram nos enterrar.
Agora, nós ressurgimos!

Filhos de sangue e osso, como será chamado por aqui, é a estreia na literatura de Tomi Adeyemi, norte-americana de origem nigeriana e de apenas 24 anos. A autora declarou que parte da inspiração para a história veio de seu período no Brasil, quando ganhou uma bolsa para estudar mitologia africana em Salvador, na Bahia.
Esse é o primeiro livro é da trilogia O legado de Orïsha, uma fantasia baseada na mitologia iorubá, que se passa em um mundo muito similar à África subsaariana. A história é protagonizada por Zélie, uma jovem que luta contra a opressão de seu povo. Ela perdeu a mãe aos seis anos quando a realeza ordenou que todos os maji, pessoas capazes de fazer magia, fossem executados. Depois desse dia, a magia sumiu do mundo e os maji passaram a viver como escravos nas colônias do Reino de Orïsha. Porém, quando Amari, a filha do rei, rouba um artefato que pode conter a chave para trazer de volta a magia, Zélie e seu irmão Tzain embarcam com ela numa jornada para restabelecer esse elo com deuses, como Oyá e Yemọja, e libertar o povo da opressão.
Tomi, que já foi comparada à J.K. Rowling pela revista Entertainment Weekly, veio ao Brasil depois se graduar com honras no curso de Literatura Inglesa pela Universidade de Harvard. Em entrevista a Petê Rissatti, tradutor de Filhos de Sangue e Osso, a autora contou: “Eu estava em Salvador quando descobri os orixás. Iemanjá, Xangô, Oxóssi e Oxum, diante de mim em azulejos pintados, lindos, sagrados e negros. Instantaneamente minha mente foi transformada. É uma honra ter meu livro publicado no lugar onde esta aventura começou para mim, e minha única esperança é que o incrível povo brasileiro curta o livro!” (tradução dele).
Petê Rissatti é negro e tem forte ligação com religiões de matriz africana. Fez um profundo trabalho de pesquisa da língua iorubá, tendo apoio de estudiosos e a opinião da autora em algumas escolhas. Os encantamentos e as deidades ficaram em iorubá, que nessa história é a língua que foi perdida após o fim da magia.
Considerado um dos grandes lançamentos do ano no concorrido segmento de literatura Young Adult nos EUA, Filhos de sangue e osso já chegou às livrarias americanas com adaptação para o cinema em andamento pela Fox Films e direitos de publicação adquiridos em mais de 25 territórios.
“Não tem momento melhor para esse livro sair. Ele fala sobre cultura africana, protagonistas femininas e negras e a força da ancestralidade. O mundo de Orïishäa vai ser facilmente identificado por leitores brasileiros, tanto pela fauna e a flora, quanto pelas deidades que já conhecemos por aqui, como Iemanjá e Oyáa (ou Iansã). Para descansar da viagem até Candomblé, o local onde a magia é mais forte, Zélie, Amari, Tzain e Nailah (a leonária de Zélie) param embaixo de uma árvore de mamão papaia, por exemplo”, diz Paula Drummond, editora do livro no Brasil.