De onde vem o vínculo
Por Brunna Cassales, sob o ponto de vista de Newt Scamander9 de maio de 2017
De onde vem o vínculo
De todas as coisas que já vivi, desde minha jornada pessoal até as aventuras com as criaturas mais impetuosas, se existe algo marcante presente em todos os aspectos da minha vida, posso resumir nos simples vislumbres que coletei em cada um destes momentos.
Seja fantástico ou não, há algo singelo e cálido no olhar de um animal quando direcionado especificamente a alguém… É então que surge uma ligação: o animal escolhe o humano como a pessoa a quem deve proteger e por quem deve se deixar ser protegido, ao acompanhá-lo por toda a vida – ao mesmo tempo que o cativa. Um gesto simples, porém tocante o suficiente, antecedendo qualquer contato físico.
A verdade é que talvez essa percepção venha do fato de eu ter pertencido à Lufa-Lufa. Nós lufanos detemos o poder de captar o significado de uma contemplação e estamos sempre tentando demonstrar um olhar de compreensão a todos que estão ao redor. Não que isso nos faça melhores que os outros, de maneira alguma. Minha mãe me ensinou desde cedo a ter a cabeça erguida como a de um hipogrifo, mas sem desmerecer ninguém – e como ela era uma entusiástica criadora de hipogrifos, exemplos não me faltavam! Então sempre soube que nenhum ser deste planeta é melhor do que outro, mas que somos diferentes, e isso é o que enriquece nosso meio como um todo.
Aliás, não deve ser espalhafatoso de minha parte atribuir minha dedicação aos animais como uma vocação provinda de uma formação como aluno da Lufa-Lufa. É claro que algo tão intrínseco a nós não pode vir apenas de um direcionamento, mas é isso que nos leva a reconhecer nossas aptidões. E só quando me tornei um membro da Lufa-Lufa é que me encontrei, descobri quem eu era e, aos poucos, qual era meu papel no mundo.
Um observador atento não demora a perceber que a casa de Hogwarts fundada por Helga Hufflepuff se destaca por seu legado de lealdade, justiça e esforço conjunto. É justamente isso que nos torna mais conectados à natureza do que qualquer outra casa, já que os valores que aprendemos nos permitem enxergar com mais clareza a importância do ambiente em que vivemos. Portanto, não é incomum que seja despertado em um lufano um interesse peculiar por Herbologia ou, como no meu caso, por Magizoologia.
E tudo me remete novamente à contemplação a que venho me referindo. Eu nunca teria me tornado Magizoologista se pelo menos um animal mágico não tivesse me motivado ao fitar-me nos olhos para que eu me engajasse na incessante pesquisa pela fauna fantástica que habita os mais diversos cantos da Terra. É algo que não precisa ser descrito em palavras, que está além de uma definição. Minha esposa, Tina, sabe bem o que é, depois de tantos anos compartilhando um bocado desses olhares que dizem tudo mesmo sem dizer nada… (Eu disse que era algo também pertencente à minha vida pessoal!)
Então espero, gentil leitor, que reconheça o gesto genuíno que um olhar pode transparecer, seja de uma fera indomável, seja da mais doce das criaturas. Agora, uma brecha de minha maleta será aberta, e você poderá acompanhar o início da minha jornada ao lado de Tina, Queenie, Jacob e nossos amigos Frank, Dougal, Pickett, além de um certo Pelúcio, uma ninhada de Occamis e muitos outros animais fantásticos que só consegui capturar… bem, você sabe por quê. E tenho certeza de que ficará atento para captar a alma de cada um deles através da única coisa que vai além de sermos bruxos, trouxas/no-majs ou animais: a magia por trás de um olhar. Eis aqui a verdadeira formação de um vínculo.
Brunna Cassales já era Lufana de todo coração antes mesmo de entrar para o Potterish, sete anos atrás, e não se cansa de mostrar o quanto se orgulha disso. Não à toa, é conhecida por seus amigos como a própria Helga Hufflepuff! Outros textos de sua autoria sobre o Mundo Bruxo de J.K. Rowling você encontra aqui.