Gosto de comparar o ofício do editor ao da parteira: ajudo autores a parir livros. Juntos, fazemos os exames necessários, discutimos o futuro dos personagens, seus caminhos e tramas, começos e fins. Essa troca, sobretudo de ideias, é o que considero o grande barato do meu trabalho: o contato direto, eu diria íntimo e quando possível face a face, entre autor e editor.

Quando me coube a tarefa de fazer a curadoria das mesas culturais da Casa Rocco na FLIP 2014, acostumada ao tête-à-tête, me surpreendi diante de todo o nosso elenco de uma vez só. E foi ótimo. Formei duplas que nunca tinha imaginado e uni autores pelo que têm em comum – além do talento e da bela escrita -, como temas afins, semelhanças nada óbvias ou diferenças atraentes, compondo as cinco mesas da programação. Foi assim que juntei as identidades de Frei Betto e Claudia Nina, os silêncios de Flávio Izhaki e Marcelo Moutinho, os temas pulsantes de Julio Ludemir e Wesley Peres, o trânsito literário de Florencia Garramuño e Luciana di Leone, e os assassinatos de Bernardo Kucinski e Antônio Xerxenesky – nesse caso, ninguém imagina quantas vezes digitei y no lugar de i e i no lugar de y, ainda mais depois que o segundo chamou o primeiro de “nosso Clint Eastwood”, ou nosso Clynt. As mediações também serão luxuosas, contando ainda com Guiomar de Grammont e Diana Klinger, assim como o encerramento feito com chave de ouro por Miguel Conde.

Aos que estiverem em Paraty, não deixem de prestigiar a Casa Rocco.
Para os nossos autores, boa hora.

Rosana Caiado é editora de ficção brasileira da Rocco.
Confira a programação completa. (Clique na imagem para conferir uma prévia de cada debate.)