O falecimento de Alberto Dines na manhã desta terça-feira, 22 de maio, assinala o fim da fase épica do jornalismo brasileiro na qual a busca pela verdade e a fidelidade aos fatos sobrepujava os interesses financeiros.

Dines celebrizou-se pela consolidação da reforma gráfica do Jornal do Brasil, que dirigiu entre 1962 e 1973, quando foi responsável por duas primeiras páginas que entraram na história, a que anunciou a instituição do AI-5 e a que denunciou o golpe militar contra o presidente chileno Salvador Allende. Depois, entre tantos outros feitos importantes, dirigiu a sucursal do grupo Abril em Portugal, entre 1988 e 1995, período em que concluiu a biografia sobre Antonio José da Silva, o Judeu e criou o Observatório da Imprensa que ainda hoje continua a contribuir para o aprimoramento da profissão. A profissionalização da prática jornalística foi, por sinal, uma das suas preocupações constantes, que o levou a implantar a cadeira de Teoria da Imprensa da PUC Rio e a editar os Cadernos de Jornalismo e Comunicação do Jornal do Brasil, referência fundamental tanto para estudantes quanto para os profissionais na ativa.

Entre os quinze livros que publicou se destaca particularmente Morte no Paraíso ¾ A tragédia de Stefan Zweig (publicado pela Rocco), focalizando a fuga do nazismo e o exílio frustrado no Brasil daquele que era então o mais importante autor de língua alemã. A verdadeira veneração que dedicava ao escritor austríaco levou Alberto Dines a realizar o último grande projeto de sua prolífica vida: a criação do museu-casa Stefan Zweig, com a reforma e ampliação da residência da rua Gonçalves Dias 34 a cargo do arquiteto Miguel Pinto Guimarães. Inaugurada com o projeto Stefan Zweig vive!, a casa já se firmou como uma atração incontornável do turismo cultural petropolitano e há de perdurar como uma homenagem não só ao seu antigo morador mas como um monumento ao talento, a inteligência e a capacidade de realização de seu idealizador e primeiro presidente, Alberto Dines.